A polícia chinesa carregou na quarta-feira sobre dezenas de trabalhadores da fábrica da Foxconn em Zhengzhou. Os funcionários da produtora de iPhones protestavam contra as condições de trabalho, num momento em que a China enfrenta um novo surto de SARS-CoV-2.
A polícia atingiu um manifestante com cassetetes depois de este ter agarrado num poste de metal que, por sua vez, já teria sido usado para o agredir.
Several white guards brutally beat a Chinese man, the police look on.
— 247ChinaNews (@247ChinaNews) November 23, 2022
Brutal Chinese communism!#BrutalChina #ChineseOppressed #China pic.twitter.com/YCZb4U1xWS
Li Sanshan, funcionário da Foxconn, relata ao jornal britânico The Guardian que a empresa está a debater-se com atrasos na produção do novo iPhone 14 porque milhares de trabalhadores abandonaram as instalações, no mês passado, após reclamações sobre condições de trabalho inseguras.
Li acrescenta que a empresa mudou as condições de pagamento, colocando muitos trabalhadores em situações vulneráveis.
“A Foxconn lançou ofertas de recrutamento muito tentadoras, e trabalhadores de todas as partes do país vieram, apenas para descobrir que estavam a ser enganados”, declarou Li.
Diz ter largado o trabalho num restaurante quando viu um anúncio a prometer 3.500 dólares por dois meses de trabalho. Depois a empresa mudou as regras e disse que "tínhamos que trabalhar mais dois meses" auferindo salários mais baixos para receber a quantia prometida, descreveu Li.
Esta quinta–feira, a Foxconn veio dizer que houve um "erro técnico" e pediu desculpas pela confusão do pagamento.
Um homem que se identificou como o secretário do Partido Comunista responsável pelos serviços comunitários foi mostrado num vídeo, publicado na rede social Sina Weibo, pedindo aos manifestantes que se retirassem e assegurou-lhes que as exigências seriam atendidas.
Protesting workers at a Foxconn iPhone factory in China clash with police during protests over covid restrictions and pay.#China pic.twitter.com/CgrlVxvVhK
— CNW (@ConflictsW) November 23, 2022
A aplicação da política governamental de covid zero tinha obrigado vários distritos de Zhengzhou a entrarem em confinamento. Desta forma os residentes do centro da cidade não estão autorizados a sair, a menos que tenham um teste negativo à covid-19 e permissão das autoridades.
O Governo está a tentar conter a última onda de surtos sem fechar as fábricas para aguentar a economia a funcionar. Entre as várias medidas da covid zero está a "gestão em circuito fechado" que implica os trabalhadores viverem nas fábricas sem contato externo.
A China registou o maior número de novos casos de covid-19 na quinta-feira, com 31.444 novas infecções.