Covid-19. Restauração na Assembleia da República em protesto

por Alexandre Brito - RTP
Manifestação há quatro dias, em Faro, de empresários e trabalhadores do setor da restauração, organizada pelo moovimento " A pão e Água " em protesto pelo alegado "esquecimento " a que foram votados com as medidas do governo de apoio à Covid-19 Luís Forra - Lusa

Trabalhadores e donos de restaurantes vão estar hoje nas ruas em protesto para exigir mais apoios públicos a um dos setores que tem sido mais afetado pela crise pandémica. A manifestação será frente à Assembleia da República. São esperadas centenas de pessoas que, em caravana, com autocarros e viaturas próprias, vindas de Braga, Porto, Vila Nova de Gaia e Aveiro, vão juntar-se ao protesto em Lisboa.

A manifestação é organizada pelo Movimento Pão e Água e acontece no dia limite para o pagamento de impostos ao Estado. 

Pelas 15h30, profissionais de vários setores da restauração, mas também do comércio, cultura, hotelaria, vão protestar frente à Assembleia da República. "Este ano, a data de 25 de novembro está carregada de um simbolismo acrescido, uma vez que se trata do dia limite para o pagamento de impostos ao Estado, numa altura de claro desespero e incerteza em que os empresários e colaboradores de vários setores se encontram", informou o movimento, em comunicado.

Dizem que o estado das coisas atingiu "atingiu o limite da sobrevivência dos negócios e dos postos de trabalho, após vários meses de encargos, sem perspetivas de futuro, sem apoios e sem diálogo".

Exigem uma resposta clara do Governo com a adoção imediata de um conjunto de medidas que passam, por exemplo, pela a atribuição de apoios a fundo perdido. 

Os organizadores do protesto afirmam que o "movimento 'A Pão e Água' é apolítico, de âmbito nacional, positivo e aberto a todos os que estão a sofrer com medidas desmedidas, desproporcionais e injustas, e que de variadíssimas formas estão a ser fortemente afetados pela situação atual, em virtude do regime do novo estado de emergência", lê-se no comunicado.

Ontem à noite, no programa da RTP É ou Não É, a ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva disse compreender os lamentos e as preocupações da restauração e do comércio. Mas garantiu que o Governo está a preparar mais medidas de apoio para o setor.
A realidade mostra que há vários restaurantes que ou já fecharam portas ou estão em risco de o fazer.

Um dos negócios que perdeu a batalha contra o novo coronavírus foi um café snack-bar que servia refeições em Palmela, no distrito de Setúbal.

O estabelecimento até estava localizado numa rua movimentada, mas ficou sem clientes. Os donos foram obrigados a vender praticamente todo o recheio: mesas, cadeiras, arcas e até a caixa registadora. Mesmo assim, feitas as contas, o prejuízo continua a ser muito avultado.

É uma de muitas histórias de estabelecimentos que tiveram de recolher as ementas e encerrar de forma definitiva, como conta a reportagem da Antena 1.
Restaurantes podem pedir apoios à receita perdida nos fins de semana

A manifestação acontece também no dia a partir do qual os restaurantes dos concelhos afetados pelo estado de emergência podem pedir um apoio de 20 por cento da receita perdida nos dois últimos fins de semana. 

O apoio de 20 por cento da receita perdida será calculado tendo em conta a média dos 44 fins de semana anteriores.

"A partir de dia 25 as pessoas poderão requerer (o apoio) e depois será um processo bastante simplificado, porque a partir do dia 20 deste mês já dispomos de informação de toda a faturação até ao final de outubro e será possível fazer verificação entre o que as pessoas declararam, a sua receita, e aquilo que é a receita que tiveram na média daqueles 44 fins de semana", explicou o primeiro-ministro.

Na mesma altura, António Costa lembrou o pacote de apoios apresentado no valor de 1.550 milhões de euros a micro e pequenas empresas dos setores mais afetados pela pandemia, mas sublinhou que o impacto na restauração destas novas restrições é "particularmente relevante".

"A restauração é aquele setor que mais dificilmente se pode ajustar a estas regras, e que já foi muito penalizado no primeiro estado de emergência" quando esteve totalmente encerrado, sublinhou António Costa.

No dia 14 deste mês, o ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, disse que o apoio excecional aos restaurantes dos concelhos abrangidos pelo estado de emergência para os compensar pela receita perdida nestes dois fins de semana acenderá a 25 milhões de euros.

Este apoio excecional, que será pago em dezembro, irá juntar-se aos 1.103 milhões de euros que já foram disponibilizados ou estão anunciados para o setor da restauração, onde se incluem 286 milhões de euros através do 'lay-off' simplificado e do apoio à retoma progressiva, 12 milhões de euros através do programa Adaptar e 580 milhões de euros em linhas de crédito.

Os dados avançados pelo ministro indicam que dos 750 milhões de euros contemplados no programa Apoiar.pt, 200 milhões de euros serão absorvidos pelo setor da restauração.

O Apoiar.pt consiste num apoio a fundo perdido destinado a micro e pequenas empresas dos setores mais afetados pela crise, como é o caso do comércio, cultura, alojamento e atividades turísticas e restauração, abrangendo as que tiveram quebras de faturação superiores a 25% nos primeiros nove meses deste ano.

c/ Lusa
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