O crescimento económico em Timor-Leste deverá abrandar para 1,5% em 2023, mas poderá recuperar para 3,5% em 2024, apoiado pelas despesas públicas, refere, em comunicado divulgado esta quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Prevê-se que o crescimento desacelere para 1,5% em 2023 devido ao impacto fiscal provocado pelas dificuldades na execução orçamental" por causa das eleições legislativas, refere o comunicado, divulgado após as consultas ao abrigo do artigo IV com Timor-Leste.
O Produto Interno Bruto timorense cresceu 3,9% em 2022, de acordo com estimativas do Ministério das Finanças.
Em relação a 2024, o FMI perspetiva que o crescimento deverá recuperar para 3,5%, apoiado pelo aumento das despesas de capital público.
O FMI, que visitou o país entre 15 e 27 de novembro, com uma missão liderada pelo economista Yan Carrière-Swallow, afirma que a inflação em 2023 deverá atingir uma média de 8% e em 2024 de 2,5%.
A organização financeira espera que a inflação diminua em 2024 devido à prevista "diminuição dos preços globais das matérias-primas e pela inflação mais baixa nos parceiros comerciais, bem como pela decisão do Governo de reduzir os impostos sobre importações, cigarros e açúcar".
Riscos são evidentes
O FMI salienta, contudo, que os riscos para as perspetivas de crescimento estão "inclinados para o lado negativo" e que incluem a "curto prazo" o "início abrupto de uma recessão global e o aumento da volatilidade dos preços das matérias-primas".
Aqueles riscos podem exigir uma "resposta fiscal" e colocar "obstáculos à contenção das despesas, afetando negativamente o equilíbrio do Fundo Petrolífero", refere o comunicado, que recomenda que seja alcançado um "compromisso político para racionalizar a despesa pública" com o objetivo de reduzir a incerteza em "torno das perspetivas a médio prazo".
"Para alcançar o desenvolvimento sustentável, é necessária uma agenda ambiciosa de reformas para alinhar o orçamento com a capacidade de absorção da economia. Prevê-se que a despesa pública excessiva e de má qualidade conduza ao esgotamento da considerável riqueza poupada no Fundo Petrolífero de Timor-Leste", alerta a organização financeira.
O FMI recomenda também a "formulação de um quadro fiscal de médio prazo" e reformas estruturais para "impulsionar o crescimento e encorajar a diversificação" da economia.
"As reformas devem inicialmente procurar eliminar os estrangulamentos nos setores da agricultura e do turismo e promover a digitalização para aumentar a produtividade. As restrições legais que dificultam as operações comerciais e financeiras também devem ser abordadas com urgência", salienta no comunicado.
A organização financeira, que manifesta estar disponível para apoiar e ajudar os esforços do Governo timorense, refere igualmente que são "cruciais melhorias" no quadro jurídico e regulamentar para "impulsionar o crédito ao setor privado".