Crise financeira leva bancos a pagar melhor os depósitos como forma de captar recursos
Lisboa, 15 Abr (Lusa) - As instituições bancárias estão a desenvolver estratégias mais competitivas para captar depósitos de clientes, nomeadamente melhorando as taxas de juro que pagam, refere o Banco de Portugal no boletim hoje divulgado.
Esta aposta dos bancos na captação de recursos de clientes deve-se à actual situação nos mercados financeiros, que dificultam o acesso dos bancos a outras formas de se financiarem, e está a ser facilitada pela menor rentabilidade de outros produtos, incluindo os certificados de aforro.
"A captação de recursos junto de clientes (nomeadamente de particulares) foi facilitada nos meses mais recentes pelas reduções na rendibilidade em produtos financeiros alternativos, como sejam os fundos de investimento e, mais recentemente, os certificados de aforro, de que resultaram significativos resgates", constata o Banco de Portugal.
A melhoria da remuneração dos depósitos terá contribuído para "sustentar a aceleração que os depósitos em Portugal de particulares e emigrantes têm registado".
No final de 2007, a taxa de variação deste agregado [dos recursos de clientes] situou-se, segundo os dados recolhidos pelo Banco de Portugal, em 8,1 por cento, o que compara com 3.5 e 5.2 por cento, respectivamente em Dezembro de 2006 e em Junho de 2007.
Esta aceleração na captação de recursos resultará também, segundo o banco central, da "implementação de estratégias mais competitivas" pelas instituições bancárias.
Essas estratégias passarão "nomeadamente por uma compressão das margens nas taxas de juro das operações passivas [taxas de juro que remuneram depósitos] relativamente às taxas do mercado monetário" [juros pagos pelos bancos quando se financiam no mercado interbancário].
No lado inverso, ainda segundo o Banco de Portugal, com base nos resultados inquéritos aos bancos sobre o mercado de crédito, outra consequência da crise financeira é que os bancos estão a aumentar os "spreads" e a ser mais restritivos na concessão de empréstimos, sobretudo deste o início de 2008.
"Os critérios aplicados na aprovação de empréstimos a empresas e a particulares ter-se-ão tornado claramente mais restritivos desde o terceiro trimestre de 2007" e "existem indicações, em particular no início de 2008", de que as taxas de juro para novas operações estão a "incorporar spreads de taxa de juro mais elevados", refere o boletim.
ANP.
Lusa/Fim