Cultura é o terceiro setor na criação de emprego na Europa

São mais de 7 milhões de europeus com emprego nas indústrias criativas e culturais, numa altura em que o mecenato estatal para esta área está em curva decrescente.

Andreia Martins, RTP /
A indústria musical cria pelo menos 1 milhão de postos de trabalho em toda a Europa Christian Hartmann/Reuters

A cultura é o terceiro setor que mais gera emprego a nível comunitário, apenas atrás do setor da construção e quase ao nível da indústria e serviços de restauração.

No total, são 7.060 milhões de empregos nas várias áreas culturais, à frente de setores como a produção de ferro e aço (4.972 milhões), a indústria automóvel (3.014 milhões), indústria química (1.346 milhões) e o setor das telecomunicações (1.204 milhões).

A relevância do setor para a criação de emprego é ainda mais notória quando são analisados os números do emprego entre os mais jovens. Cerca de 40 por cento dos empregos nas áreas culturais pertencem à população ativa com menos de 35 anos. Uma tendência que com uma vitalidade cada vez maior nos centros urbanos mais proeminentes da Europa.

É o caso de Paris e Londres, onde - de acordo com dados de 2012 - mais de 20 por cento dos postos de trabalho nas indústrias culturais estão entregues a jovens com menos de 29 anos. “A crise económica teve um enorme impacto na cultura. Resultado: teatros, museus, cinemas, orquestras e livrarias foram forçadas a fechar, e isso traduziu-se na perda de emprego para muitos jovens. Ainda assim, a cultura é um dos maiores trunfos da Europa” Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu

Nas contas totais do Produto Interno Bruto (PIB) europeu, a cultura gera uns 4,2 por cento dessa fatura - que se traduzem em 535,9 biliões de dólares - com as artes visuais, publicidade e televisão a revelarem-se as maiores geradoras de lucro.

O estudo foi apresentado esta semana pela consultora Ernst & Young às entidades comunitárias responsáveis por estas temáticas, nomeadamente aos responsáveis pelas pastas da Economia Digital, Mercado Único Digital e Educação e Cultura.
Governos dão cada vez menos Uma parte importante das indústrias criativas é suportada pelo mecenato e incentivos estatais. O estudo destaca que o total dos 28 governos da União Europeia gasta cerca de 60 biliões de dólares em serviços culturais.

Mas a crise económica que afetou severamente a Europa nos anos recentes e obrigou a forte redução de gastos públicos, principalmente nos países de Leste e no Sul da Europa. Em certos países o financiamento direto à Cultura está reduzido a 1 por cento do total de gastos do Estado.
Contrariar a tendência global
Apesar do menor investimento, os dados agora divulgados revelam que a cultura foi um dos setores que conseguiu contrariar a tendência global de crise económica e diminuição na criação de emprego.

Entre 2008 e 2012, os anos em que a economia foi mais duramente afetada pela crise económica, o setor não deixou de crescer e registou um crescimento anual na criação de postos de trabalho de 0,7 por cento.

O documento não apresenta a relevância destes números por país, mas a lista das indústrias líderes a nível cultural demonstram o claro domínio de empresas nórdicas como a Universal, Spotify, Endemol, BBC ou a sociedade Pathé.

O relatório apresentado faz uma análise detalhada das indústrias culturais por área, em especial das artes cénicas e artes visuais, cada uma com mais de 1,2 milhões de postos de trabalho, seguidas pela indústria musical, publicidade, indústria editorial, cinema e televisão.
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