De caso de sucesso a futuro "na corda bamba"

por © 2009 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 23 Jan (Lusa) - Apontada como caso de sucesso e inovação, líder das exportações portuguesas e responsável por mais de 2.000 postos de trabalho, a Qimonda Portugal ficou hoje na corda bamba com a falência apresentada pela casa-mãe num tribunal alemão.

Fundada em 1996, a Qimonda Portugal produz cerca de cinco por cento do volume mundial das mais recentes memórias DRAM, destinadas à integração em computadores, leitores de MP3, telemóveis, máquinas fotográficas digitais, consolas de jogos entre outros.

A sua unidade de Vila do Conde, inaugurada em Junho de 1998, emprega directamente mais de duas mil pessoas na sua maioria muito qualificadas, e é mesmo a maior fábrica europeia de montagem e teste de produtos de memórias.

Os crescentes investimentos, a criação de postos de trabalho qualificado e os números da facturação e das exportações levaram a Agência para o Investimento e o Comércio Externo (AICEP) a apresentar nas suas páginas na Internet a Qimonda Portugal como um dos "Casos de Sucesso".

Entre outros elogios, a AICEP destacava a Qimonda como "uma referência no sector da Indústria Eléctrica e Electrónica a nível nacional", bem como um "exemplo de investimento estrangeiro de sucesso em Portugal".

A casa-mãe da Qimonda Portugal, o grupo Qimonda AG, já investiu nos seus doze anos de presença em Portugal perto de 700 milhões de euros, tornando-se um dos maiores investidores estrangeiros.

Em Maio deste ano, a Qimonda Portugal recebeu a visita do primeiro-ministro, José Sócrates, para uma cerimónia do anúncio de um novo investimento para fabrico de componentes para painéis solares. O investimento neste projecto rondou os 70 milhões de euros e, conforme anunciado pela empresa, resultou em 150 novos postos de trabalho.

A empresa vivia ainda a euforia de, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, ter ultrapassado a Autoeuropa como a maior exportadora portuguesa. No total, as exportações da Qimonda Portugal de Janeiro a Dezembro de 2007 alcançaram cerca de 1,6 mil milhões de euros.

Alguns dos projectos do passado já tinham contado com a cooperação do Estado português, através de protocolos assinados com o AICEP. De acordo com uma notícia do Diário de Notícias de Maio último, em 2006 a empresa anunciou "um investimento de cem milhões de euros, a desenvolver até final deste ano, que representava a criação de cerca de 140 postos de trabalho".

Porém, o projecto ficou marcado pela contestação de cerca de 60 trabalhadores que foram despedidos pouco tempo depois. Em causa estava a extinção dos postos de trabalho e a recusa dos funcionários em integrarem novas funções que implicavam a realização de turnos de 12 horas consecutivas.

O grupo Qimonda é controlado em 75 por cento pela Infineon Technologies - empresa que resultou de da separação da actividade do grupo Siemens.

Antes de apresentar hoje um pedido de falência num tribunal de Munique já se sabia que a Qimonda AG estava numa difícil situação financeira, associada à queda constante do preço dos "chips" e à saturação do mercado com a produção excedentária.

Lista dos 10 principais exportadores portugueses - dados do Instituto Nacional de Estatística relativos a 2007:

1 - QIMONDA PORTUGAL SA

2 - PETROLEOS DE PORTUGAL - PETROGAL, SA

3 - AUTOEUROPA AUTOMOVEIS, LDA

4 - REPSOL POLIMEROS LDA

5 - PEUGEOT CITROEN AUTOMOVEIS PORTUGAL, SA

6 - SOPORCEL - SOCIEDADE PORTUGUESA DE PAPEL SA

7 - CONTINENTAL MABOR - IND DE PNEUS SA

8- PORTUCEL - EMPRESA PRODUTORA DE PASTA E PAPEL SA

9- SOMINCOR - SOCIEDADE MINEIRA DE NEVES CORVO, SA

10 - VISTEON PORTUGUESA, LDA


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