Decisão da Dow de encerrar unidade em Estarreja não vai afetar a fábrica principal
Aveiro, 03 abr (Lusa) - O presidente da Câmara de Estarreja, José Eduardo Matos, acredita que a decisão da Dow Chemical de encerrar a produção de esferovite não vai afetar a fábrica principal de MDI, que emprega uma centena de trabalhadores.
A Dow Chemical anunciou a intenção de encerrar a sua unidade de produção de esferovite para isolamento "styrofoam", localizada em Estarreja, o complexo químico no qual tem também uma fábrica de poliuretano (MDI).
José Eduardo Matos revelou que o diretor da Dow em Estarreja foi-lhe "dando conta das dificuldades", estando convicto de que a fábrica de MDI não está em risco e deverá mesmo absorver alguns dos trabalhadores da unidade de "styrofoam", até ao final do ano.
"A Dow Portugal, anteriormente com a designação Isopor, existe em Estarreja há quase três décadas e a unidade de MDI não está em causa porque exporta para todo o mundo e tem a viabilidade garantida por essa via. Felizmente esse cenário não se coloca no MDI porque há mercados no mundo que continuam a crescer", disse à Lusa.
O autarca salienta ainda que a Dow está integrada com a CUF e o Ar Liquido no Complexo Químico de Estarreja e sujeita a um contrato por 15 anos, que implica que todas essas unidades trabalhem em cadeia.
Segundo José Eduardo Matos, que estava ao corrente das intenções da empresa, a unidade que vai ser encerrada, com cerca de "dezena e meia de trabalhadores", produzia sobretudo para o mercado espanhol e ressentiu-se da crise na construção em Portugal e Espanha, com uma quebra acentuada da procura nos últimos anos.
"O cenário do encerramento foi adiado para o início deste ano, na esperança de que pudesse haver alguma retoma que não aconteceu, nem em Portugal, nem em Espanha, o que veio agravar a situação. A Dow, tanto quanto sei, está a fazer uma redução, em termos europeus, e não só aqui em Estarreja, prevendo que até ao final do ano possa fazer essa acomodação nesta área concreta de negócio", disse.
Quanto às implicações sociais do anunciado encerramento, o presidente da Câmara de Estarreja confia que "será possível a integração de alguns dos trabalhadores na fábrica principal da Dow, sem embargo de poder rescindir alguns dos contratos".
José Eduardo Matos lamenta a decisão de encerrar a unidade de "styrofoam", mas sublinha que essa foi uma área nova na Dow, que surgiu como "apêndice" para aproveitar o clima de euforia na construção, que, entretanto, se alterou.
"É uma área que nasceu recentemente e morre precocemente", comenta o autarca, observando que, quando foi feita a ampliação em 2009, já havia sinais de retração do mercado.