Deputado do PS critica modernização da Linha do Oeste apenas entre Torres Vedras e Lisboa

Torres Vedras, Lisboa, 14 Fev (Lusa) - O deputado socialista e vereador na Câmara das Caldas da Rainha, António Galamba, criticou hoje a possibilidade da Linha do Oeste ser modernizada apenas no troço Torres Vedras/Lisboa deixando de fora os restantes municípios da região.

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"Que estudos dispõe o Governo para sustentar a possibilidade de apenas requalificar a Linha do Oeste no troço entre Lisboa e Torres Vedras, deixando de fora os municípios da Lourinhã, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha, Nazaré, Alcobaça e Marinha Grande, directamente atravessados pela ferrovia?", pergunta o deputado num requerimento enviado hoje ao ministro das Obras Públicas.

António Galamba considera mesmo que este é um cenário "inaceitável para uma visão regional" questionando qual o papel que está reservado ao restante troço da Linha do Oeste situado entre Torres Vedras e a Figueira da Foz.

O deputado elaborou as questões na sequência da notícia da Agência Lusa segundo a qual a criação de uma linha de comboio ligeiro entre Torres Vedras e Lisboa poderá ser uma das contrapartidas a oferecer à região Oeste pelo abandono da opção Ota para localização do novo aeroporto de Lisboa.

Fonte governamental disse à agência Lusa que essa "é uma possibilidade actualmente em estudo", já que a região de Torres Vedras é, dos concelhos limítrofes da capital, o mais deficitário em transportes de acesso a Lisboa.

"É de facto, a zona pior servida de transportes de acesso a Lisboa, pelo que estão a ser estudadas algumas possibilidades, entre elas, uma ligação ferroviária, em tram-train [comboio ligeiro]", afirmou a fonte.

O deputado lembra que estão a ser preparados investimentos para compensar o Oeste pela não construção do aeroporto em Alenquer considerando que "naturalmente, a requalificação da Linha do Oeste, com a ligação a pontos da Linha de Alta Velocidade, surge como o projecto mais consensual, mais abrangente e com elevada importância estratégica ao nível económico, cultural e ambiental".

"É a sua total extensão que deve ser avaliada, tendo presente os fluxos diários de pessoas e bens em direcção a Sul e a Norte", defende António Galamba.

Neste sentido, conclui, é "despropositado e indesejável que a meio de um processo de avaliação das medidas compensatórias para toda uma região, uma `fonte governamental`, a coberto do anonimato, possa dar ênfase a uma proposta concreta de requalificação parcelar da Linha do Oeste-Troço Torres Vedras -Lisboa".

Um estudo do Instituto Superior Técnico (IST), elaborado em 2004, planeou uma linha ferroviária, em bitola europeia, com paragens em Torres Vedras, Malveira, Loures, Aeroporto da Portela e Chelas, num percurso de 47 quilómetros e com um custo de 248 milhões de euros.

Jorge Paulino Pereira, professor do IST que coordenou o estudo, afirma existir uma procura "diária de cerca de 150 mil pessoas no sentido Torres/Lisboa e 148 mil no sentido inverso", garantindo a rentabilidade do projecto.

Destes, 98 por cento deslocam-se em autocarro ou carro próprio no eixo Torres Vedras/Loures/Odivelas, enquanto os restantes 2 por cento utilizam o comboio do Oeste (Figueira da Foz/Caldas/Cacém), uma linha obsoleta de via única.

Por isso, a partir de Torres Vedras, a Linha do Oeste tem vindo a perder competitividade relativamente à auto-estrada.

Os autarcas da região têm insistido na necessidade de modernização da linha férrea do Oeste e, recentemente, "voltaram à carga" nas negociações de compensação da região pela desistência da localização na Ota do novo aeroporto.

"A proposta está em cima da mesa", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel, que afasta a possibilidade de "uma linha de circulação de massas" para a região.

"A nossa ideia de modernização da Linha do Oeste passa por ter uma linha qualificada que sirva o transporte de mercadorias e de pessoas", afirmou Carlos Miguel.

No entanto, especialistas como Paulino Pereira, defendem que a linha ferroviária proposta é "fundamental para o desenvolvimento sustentado da capital" e, por isso, "já devia estar feita".

Segundo o especialista em Transportes Rodo-Ferroviários e Aéreos, a empresa pública que gere a linha ferroviária, a Refer, "tem feito estudos sobre as alternativas ferroviárias à linha do Oeste, mas são sempre inconclusivos".

ZO/AV/TD.

Lusa/Fim


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