"Desigualdades salariais não se acentuaram na crise"

por RTP

O sociólogo e ex-secretário-geral da CGTP analisou o relatório da Organização Internacional de Trabalho sobre Portugal. E concluiu que não foi durante a crise que as desigualdades se acentuaram, embora alguns fatores a tenham agravado.

"As desigualdade salariais não foi no período da crise que elas se acentuaram", afirmou.

"Aí verificou-se uma quebra de salários e uma outra situação subsersiva: de um ponto de vista geral não houve um agravamento mas a situação escandalosa de os indivíduos de topo aumentaram as suas retribuições enquanto os de baixo, na generalidade, viram as suas remunerações baixar."

"Isto mostra o que são as desigualdades", afirmou.

Para o ex-secretário-geral da CGTP, as desigualdades salariais denunciadas no relatório são fruto de políticas "seguidas ao longo de muito tempo".

"Espero que (o relatório) seja analisado e debatido", acrescentou.
"Profundas desigualdades"
"Há esta constatação, que não é novidade mas aparece muito bem explicitada, de que Portugal é um país com profundas desigualdades e tem havido um acentuar das desigualdades", refere Carvalho da Silva.

"Os 10 por cento que ganham os salários mais elevados em Portugal ficam com uma fatia de 30 por cento do bolo global", referiu Carvalho da Silva no 360, da RTP3. De acordo com o relatório, mais de metade dos trabalhadores ficam com pouco mais de 24 por cento, lembrou ainda.

Para o sociólogo, é necessário analisar factores como o efeito do aumento do desemprego, sobretudo entre os escalões mais baixos, se, por exemplo, houve uma ampliação dos que ganham muito pouco.

O relatório mostra também que, em proporção, os salários têm crescido menos do que a produtividade, lembrou Carvalho da Silva.

De acordo com o relatório da OIT, entre 2000 e 2016 deu-se ainda uma transferência de mais de 17 milhões de euros do produto, antes aplicados no factor trabalho e agora desviados para o fator capital.

A quebra ronda os nove pontos percentuais do produto aplicado ao trabalho, de 60 para 51 por cento.

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