Despedimentos chegam ao setor tecnológico na China com cortes na Baidu e Lenovo

A vaga de despedimentos na China alastrou ao setor tecnológico, com empresas como a Baidu e a Lenovo a cortarem centenas de postos de trabalho, refletindo o abrandamento económico e a desaceleração do crescimento na área da inteligência artificial.

Lusa /
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Segundo relatos da imprensa chinesa, a tecnológica Baidu iniciou no final de novembro uma reestruturação interna que deverá prolongar-se até ao final do ano, afetando vários departamentos. Fontes citadas pela imprensa local apontam para cortes de 20% a 30% em algumas unidades não essenciais.

Os pacotes de indemnização oferecidos terão sido definidos segundo o modelo "n+3" -- três meses adicionais além de um mês por cada ano de serviço --, com alguns trabalhadores a receberem até "n+5".

Os despedimentos surgem após uma deterioração dos resultados da Baidu no terceiro trimestre, em particular na sua principal fonte de receita - a publicidade `online` -, que caiu 18% em termos homólogos, para 15,3 mil milhões de yuan (cerca de 1,8 mil milhões de euros), superando as expectativas negativas do mercado.

Esta queda ocorreu apesar de um aumento de 1% no número de utilizadores mensais da aplicação da empresa.

A receita proveniente de negócios ligados à inteligência artificial, como serviços de computação em nuvem, veículos autónomos (Apollo Go) e dispositivos domésticos inteligentes (Xiaodu), aumentou 21%, para 9,3 mil milhões de yuan (1,1 mil milhões de euros). No entanto, este crescimento ficou muito aquém dos 34% registados no trimestre anterior, sendo impulsionado por uma base comparativamente baixa no ano passado.

A iQiyi, plataforma de `streaming` controlada pela Baidu, viu a sua receita recuar 8%, para 6,7 mil milhões de yuan (810 milhões de euros).

Também a Lenovo, através da sua unidade de Soluções de Infraestrutura (ISG), implementou recentemente cortes na força de trabalho, num sinal de que o setor tecnológico, antes considerado relativamente imune à desaceleração económica, está agora a ser diretamente afetado.

Segundo dados do Gabinete Nacional de Estatísticas da China, a taxa de desemprego entre os jovens dos 16 aos 24 anos (excluindo estudantes universitários) situou-se em 17,3% em outubro, ligeiramente abaixo dos 17,7% do mês anterior. Entre os jovens dos 25 aos 29 anos, a taxa manteve-se nos 7,2%, enquanto para a faixa dos 30 aos 59 anos caiu de 3,9% para 3,8%.

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