Distrito de Castelo Branco precisa de técnicos superiores e sente dificuldade na contratação

por Lusa

Os primeiros resultados de um estudo da Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) e do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) revelaram a necessidade de técnicos superiores na região, mas também dificuldades na contratação.

A AEBB e o IPCB estão a fazer o levantamento das necessidades de recrutamento e da aquisição de competências profissionais para as empresas da região nos próximos dois anos.

O inquérito de levantamento de "Necessidades de Recrutamento e Aquisição de Competências Profissionais" foi lançado em janeiro e vai decorrer junto de empresas sediadas nos 11 concelhos da área de abrangência da AEBB (Castelo Branco, Covilhã, Fundão, Belmonte, Penamacor, Idanha-a-Nova, Vila Velha de Ródão, Oleiros, Proença-a-Nova, Vila de Rei e Sertã) até ao mês de abril.

Numa conferência de imprensa realizada hoje, para a apresentação dos primeiros resultados do inquérito, cujos dados foram recolhidos até terça-feira, os presidentes da AEBB e do IPCB, Ana Palmeira de Oliveira e António Fernandes, respetivamente, explicaram que se verificou que 78% da amostra é composta maioritariamente por micro e pequenas empresas, distribuídas pelos vários setores económicos.

Adiantaram ainda que grande parte das respostas obtidas dizem respeito a empresas com atividade ligada a setores predominantes e que caracterizam o tecido empresarial da Beira Baixa: Indústria e Comércio e Serviços, com 33% e 53%, respetivamente.

Relativamente à empregabilidade, a totalidade das empresas que responderam ao inquérito empregam atualmente mais de 1.700 trabalhadores e apresentam um volume de negócios total, aproximado, de 174,7 milhões de euros.

"A análise da amostra permitiu verificar a necessidade de contratação de cerca de 126 trabalhadores com habilitações de nível superior, essencialmente por motivos de expansão e diversificação da atividade das empresas e ainda para a substituição de trabalhadores em fim de carreira", sublinharam.

Apesar de se tratar de uma necessidade efetiva e fulcral para um crescimento competitivo, os responsáveis da AEBB e do IPCB realçaram que as empresas inquiridas referiram que encontram barreiras preocupantes à contratação.

"Na sua maioria, são razões que se prendem com a falta de trabalhadores disponíveis no mercado de trabalho com a formação adequada e as limitações na mobilidade geográfica dos trabalhadores disponíveis no mercado de trabalho", frisaram.

No que respeita à necessidade de recrutamento de trabalhadores com nível de qualificação profissional inferior ao ensino superior, ou seja, entre o 9.º ano de escolaridade e o nível pós-secundário, níveis 2, 4 e 5 do Sistema Nacional de Qualificações, as empresas inquiridas pretendem recrutar nos próximos dois anos mais 142 trabalhadores.

"As empresas da amostra preveem nos próximos dois anos um aumento de 16% relativamente ao número de trabalhadores que possuem atualmente", referiram.

Através desta avaliação intercalar foi ainda possível identificar, até à data de hoje, 1.012 trabalhadores com necessidades de atualização de conhecimentos e/ou aquisição de novas competências para se adaptarem as novas exigências do mercado de trabalho.

A segunda avaliação intercalar vai ser feita em março e o inquérito decorre até final de abril, sendo que os resultados dessa análise serão apresentados, em data a anunciar oportunamente, nas instalações do IPCB.

Segundo os responsáveis da AEBB e do IPCB, este diagnóstico vai recolher um conjunto de dados coerentes e fundamentados, "cujo resultado da análise irá permitir alinhar a oferta formativa regional com as necessidades de especialização das empresas e de permanente atualização profissional dos recursos humanos, face aos desafios e novas exigências do mercado de trabalho".

O objetivo do inquérito passa também por recolher dados sobre as reais necessidades de recrutamento e competências futuras necessárias, destinados a apoiar a definição de políticas locais e regionais capazes de responder às necessidades de contratação das empresas.

"A falta de mão-de-obra qualificada e/ou indiferenciada é um problema (antigo) que afeta o normal funcionamento de muitas empresas da região e que exige medidas concretas para suprir este grave problema que cada vez mais põe em causa o seu próprio desenvolvimento", sustentaram.

Ana Palmeira de Oliveira e António Fernandes defenderam que esta problemática "requer um olhar atento e ponderado, através de uma aposta objetiva na qualificação profissional do capital humano, com ações específicas que respondam às novas exigências e reais necessidades do mercado de trabalho interno e externo, promovendo a empregabilidade, produtividade, competitividade e do desenvolvimento económico e social".

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