Diversificação dos mercados europeus beneficia Angola e Moçambique afirma Fitch Solutions
A consultora Fitch Solutions considera que o impacto da guerra na Ucrânia em Angola e Moçambique será diminuto a curto prazo, mas pode ser benéfico em termos de diversificação dos mercados europeus de energia.
"É pouco provável que haja um impacto direto substancial para Angola e Moçambique devido aos fluxos reduzidos de trocas comerciais", disse a diretora do departamento de análise de risco dos países da África subsaariana na consultora Fitch Solutions.
Em declarações à Lusa, Jane Morley lembrou que "Angola importou produtos no valor de menos de 39 mil dólares da Ucrânia em 2019 e Moçambique importou menos de 19 mil dólares em 2020" e salientou que, apesar de a curto prazo não dever haver grande impacto, a médio prazo os dois países lusófonos podem ser beneficiados com a nova estratégia europeia de diversificação das fontes energéticas.
"Pode haver, claro, um impacto em termos de fornecimentos de gás, se a Rússia decidir cortar o fornecimento à Europa, mas é duvidoso que qualquer país tenha uma infraestrutura de gás suficientemente implantada para maximizar os benefícios a curto prazo", disse Jane Morley.
Para a diretora africana desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, o panorama pode mudar a médio prazo, principalmente tendo em conta os investimentos esperados na exploração de gás natural em Moçambique e o esforço que Angola está a fazer para impulsionar a exploração gasista para compensar a queda da produção de petróleo nos últimos anos.
"A médio prazo, ambos os países podem beneficiar dos esforços que a Europa está a fazer para diversificar as cadeias da abastecimento", disse Jane Morley à Lusa.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram cerca de 200 mortos, incluindo civis, e mais de mil feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 150.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.