Duas grandes cadeias de distribuição nos EUA racionam vendas de arroz

Washington, 24 Abr (Lusa) - Dois grandes distribuidores norte-americanos começaram hoje a racionar as vendas de sacos de arroz aos seus consumidores num contexto de alta dos preços mundiais e de forte tensão na procura.

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Sam`s Club, o mais importante grossista norte-americano na distribuição alimentar - filial do gigante Wal Mart - anunciou quarta-feira, num comunicado, que tomava uma medida "de precaução" impondo um limite às vendas de arroz importado "devido às tendência actuais da oferta e da procura".

Os clientes destes hipermercados terão de limitar as suas compras a quatro sacos de 20 libras (nove quilogramas) por indivíduo.

Esta restrição "temporária" aplica-se ao arroz jasmin e basmati assim como ao arroz branco longo.

A decisão de Sam`s Club, que tem cerca de 600 lojas no país, segue-se a uma iniciativa semelhante do seu concorrente Costco, que também restringiu a venda do arroz.

Estas lojas afirmam ter arroz suficiente para os seus clientes mas invocam as tensões no âmbito da procura e querem garantir que todos possam comprar. A medida parece direccionada àqueles que, alarmados pelas subidas dos preços, fazem reservas de arroz em grande quantidade.

É nestas lojas que os pequenos restaurantes e o comércio se abastecem.

"Não há penúria de arroz nos Estados Unidos", assegurou David Coia, porta-voz da Federação norte-americana do arroz.

"O que se passa é que devido à percepção dos problemas que afectam o arroz no mercado mundial, há pessoas que compram mais arroz do que é costume, digamos que armazenam por três meses quando deveriam abastecer-se para duas semanas", explicou.

"É por isso que estes hipermercados querem garantir que cada um dos seus clientes possa comprar arroz", acrescentou.

A produção de arroz norte-americano cobre 88 por cento do consumo doméstico deste alimento nos Estados Unidos enquanto o resto é importado sob a forma de arroz especializado, procedente nomeadamente do Vietname e da Tailândia.

O racionamento temporário ocorre num período em que os preços deste alimento dispararam nos mercados mundiais devido ao aumento dos custos da energia e dos fertilizantes, da seca nalguns países produtores e do aumento da procura.

Algumas categorias de arroz registaram aumentos de 50 por cento na tonelada nos últimos meses.

No contexto da crise do arroz, grandes países exportadores como a Tailândia (primeiro exportador mundial), o Vietname, a Índia, a Indonésia mas também o Egipto tomaram recentemente medidas que podem ir até à suspensão das suas exportações.

Outros países, cuja população recorre muito a este alimento, tentam relançar a sua cultura para atingir a auto-suficiência.

No Haiti, no início do mês, o aumento dos preços do arroz provocou violentas manifestações e o governo ordenou uma baixa dos preços a 12 de Abril. Nas Filipinas, onde a administração temia tensões nos bairros pobres, o exército distribuiu arroz.

No Sri Lanka, a braços com uma escassez de arroz, o principal alimento do país, o governo enviou hoje a polícia para apreender o que fora açambarcado pelos próprios produtores.

Os agricultores cingaleses que assim antecipam aumentos nos preços do arroz incorrem em penas que podem ir aos seis meses de prisão e multas até aos 2.900 euros.

TM.

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