Economia japonesa perde o segundo lugar mundial

O Governo japonês admitiu hoje que perdera, na economia mundial, o segundo lugar que ocupou durante 42 anos, logo a seguir à economia norte-americana. O ponto de viragem foi a contração sofrida no último trimestre de 2010, devido a um yen demasiado forte, a uma quebra nos índices de consumo interno e a uma dívida pública astronómica.

RTP /
O imperador Akihito não está a despedir-se do segundo lugar no podium das economias mundiais, mas apenas a acenar aos súbditos que em 9 de fevereiro foram felicitá-lo pelo seu 77º aniversário Franck Robichon, Epa

Dados hoje divulgados pelo Governo nipónico confirmam a perda do segundo lugar, a passagem ao terceiro, e a sua ultrapassagem pela China, que agora fica a situar-se imediatamente após os Estados Unidos no ranking das maiores economias do mundo. O PIB japonês ficou em 2010 nos 5,47 biliões de dólares, ao passo que o PIB chinês no mesmo período atingiu 5,88 biliões.

A perda daquela destacada posição não parece ser um episódio meramente conjuntural, antes se inscreve numa tendência de fundo e apresenta motivos fortemente enraizados na história económica das últimas décadas, nomeadamente o esvaziamento, nos anos 90 do século passado, da bolha imobiliária japonesa.

Hoje, os economistas apontam como importante factor de bloqueio um yen demasiado forte e a funcionar como lastro para uma economia japonesa tradicionalmente orientada para, e dependente de, exportações. A moeda japonesa - o yen - atingiu no ano passado os seus valores mais altos em dólares nos últimos quinze anos, encarecendo as exportações de forma por vezes incomportável. Além disso, essa subida do valor do yen reduziu o repatraimento de lucros das numerosas firmas japonesas no estrangeiro.

Longe de compensar essas dificuldades, o mercado interno não dá o mínimo sinal de substituir o destino de alguma parte das exportações japonesas. "É difícil para a economia japonesa, atingida pela deflação, conseguir um crescimento auto-sustentado", comenta o economista-chefe da Monex Securities, Naoki Murakami, citado pelo site da Al Jazeera.

As boas notícias vêm do passado ou projectam-se sobre um futuro incerto no modo condicional. Do passado vem um rendimento per capita que continua a ser 10 vezes superior ao da China, como sublinha o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Sobre o futuro projecta-se uma recuperação que começou a esboçar-se debilmente desde o final de 2009 e que se espera possa prosseguir, com os ventos favoráveis de uma economia mundial também em recuperação, a comprar mais produtos japoneses, e também de uma economia chinesa que importará tanto mais quanto mais continuar a crescer.

Por isso o ministro japonês das Finanças, Kaoru Yosano, afirma "saudar a notícia de que a economia da China, como nação vizinha, esteja a avançar rapidamente".

E, na verdade, tão rapidamente avança a economia chinesa que, segundo as projecções do Banco Mundial, da Goldman Sachs e doutros, até 2025 terá ultrapassado os Estados Unidos como primeira economia mundial.


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