Efeito do Brexit. Procura de emprego no Reino Unido por cidadãos da UE cai 45%

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Toby Melville - Reuters

Dados do motor de busca de empregos “Indeed” revelam que o número de cidadãos da União Europeia (UE) à procura de emprego no Reino Unido caiu mais de um terço desde o Brexit. Segundo a plataforma, as pesquisas por empregos no Reino Unido caíram 36 por cento em comparação com os níveis médios de 2019 e 45 por cento desde 2016, ano em que os britânicos votaram no referendo.

Há cerca de cinco anos, a 24 de junho de 2016, os britânicos eram chamados às urnas para votarem na saída do Reino Unido na União Europeia. Como forma de celebrar este quinto aniversário, o motor de busca Indeed analisou as pesquisas feitas na plataforma para empregos no Reino Unido por parte de trabalhadores estrangeiros, nomeadamente da UE, desde o divórcio entre as duas partes.

As conclusões mostram uma clara tendência de decréscimo na procura por emprego no Reino Unido por parte de cidadãos dos 27 Estados-membros.
Embora o interesse por empregos no Reino Unido tenha caído em 2020 de forma generalizada devido à pandemia da Covid-19, a plataforma conclui que as pesquisas por parte de cidadãos de fora da UE recuperaram, desde então, para níveis pré-pandemia, ao contrário do interesse por parte de cidadãos da UE.

Segundo os números do site Indeed, as pesquisas de empregos no Reino Unido por candidatos da UE caíram 36 por cento em maio em relação aos níveis médios de 2019 e 45 por cento desde 2016, o ano do referendo. Se analisarmos a procura por empregos de baixa remuneração , como hotelaria, cuidados de saúde e armazéns – os mais afetados pelas regras de imigração pós-Brexit – a queda é ainda maior, baixando para 41 por cento.
Empresas lutam para encontrar trabalhadores
Numa altura de reabertura da economia do Reino Unido, após o confinamento imposto para combater a pandemia da Covid-19, as empresas lutam para encontrar trabalhadores suficientes que preencham o número crescente de vagas. No caso dos empregos de alta remuneração, na área da tecnologia, finanças, medicina, engenharia, a plataforma Indeed estima que a baixa procura por parte de residentes na UE pode ser compensada pelo interesse por cidadãos de fora da UE. Segundo os dados da plataforma, o número de cliques em empregos no Reino Unido com salários mais altos por parte de cidadãos de fora da UE aumentou 39 por cento.

O mesmo não acontece nos empregos de baixa remuneração, onde a demanda entre cidadãos de fora dos 27 Estados-membros aumentou apenas 12 por cento, o que não é suficiente para preencher a totalidade das vagas.

Após a crise provocada pela Covid-19, a falta de trabalhadores estrangeiros poderá travar a recuperação económica do Reino Unido e aumentar os preços de bens e serviços, uma vez que a falta de mão-de-obra irá forçar as empresas a oferecer salários mais elevados para atrair trabalhadores.

Os trabalhos de baixo rendimento não estão a receber a mesma atenção de trabalhadores estrangeiros como recebiam há dois anos. Isso significa que os trabalhadores nacionais podem ser obrigados a preencher as lacunas”, explicou Jack Kennedy, um economista britânico a trabalhar na Indeed, citado pelo jornal The Guardian.

“No entanto, com muitos setores, incluindo a hotelaria, já a lutar para recrutar toda a equipa de que precisam, poderá ser necessário impor salários mais altos para atrair trabalhadores do Reino Unido para preencher essas funções”, acrescentou Kennedy.
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