Empresa falha prazo para entrega do primeiro submarino `made in` Taiwan

A construtora naval de Taiwan CSBC Corp não cumpriu o prazo estabelecido para a conclusão do primeiro submarino de conceção local, informou hoje o ministro taiwanês da Defesa, Wellington Koo Li-hsiung.

Lusa /

O objetivo inicial estipulava que a conclusão dos testes marítimos do submarino devia ter acontecido antes de 30 de setembro e a entrega do navio devia ser formalizada até ao final de novembro, de acordo com a marinha taiwanesa.

Wellington Koo anunciou hoje no parlamento que os testes, iniciados em junho, ainda estão em andamento.

"Gostaria de salientar mais uma vez que tudo o que fazemos é baseado em avaliações de segurança e que não há urgência em cumprir um prazo específico", precisou o governante.

Koo tinha já admitido em outubro que o calendário de construção era irrealista, salientando "problemas de equipamento e atrasos no planeamento do pessoal técnico dos fabricantes".

O submarino, cuja construção está ligada a um programa lançado em 2016, mede 80 metros de comprimento e está equipado com sistemas de combate e torpedos fornecidos pelo grupo norte-americano Lockheed Martin.

O principal partido da oposição, o Kuomintang (KMT), e o seu aliado, o Partido Popular de Taiwan (PPT), que juntos controlam o parlamento, congelaram parte do orçamento do programa no início do ano, exigindo conhecer os resultados dos testes marítimos do submarino antes de desbloquear os fundos.

A marinha taiwanesa dispõe atualmente de dois submarinos da classe Swordfish em serviço, adquiridos aos Países Baixos na década de 1980.

O Governo de Taiwan anunciou na semana passada que vai propor 40 mil milhões de dólares (35 mil milhões de euros) em despesas adicionais com a defesa para os próximos anos, para tentar proteger-se de uma potencial invasão chinesa.

"Procuramos reforçar a dissuasão" e, assim, aumentar "as incertezas no processo de tomada de decisão de Pequim relativamente ao uso da força", afirmou o Presidente taiwanês, William Lai Ching-te, num editorial publicado pelo jornal norte-americano Washington Post.

Pequim considera Taiwan "parte inalienável" do território chinês e não descarta o uso da força para alcançar "a reunificação" da ilha com o continente, um dos objetivos de longo prazo desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, chegou ao poder em 2012.

A China intensificou a campanha de pressão diplomática e militar contra Taiwan nos últimos anos, organizando exercícios militares nas proximidades da ilha com frequência.

William Lai, líder do Partido Democrático Progressista, tinha mencionado anteriormente planos para aumentar as despesas com a defesa para mais de 3% do produto interno bruto (PIB) em 2026 e 5% até 2030, respondendo aos pedidos norte-americanos nesse sentido.

O plano de gastos divulgado no Washington Post deverá estender-se por vários anos e ultrapassar o anteriormente detalhado à agência de notícias France-Presse (AFP) por um responsável do partido presidencial, que previa um orçamento de um bilião de novos dólares taiwaneses (27,6 mil milhões de euros).

"Este importante envelope financeiro não só irá financiar de forma significativa novas aquisições de armas aos Estados Unidos, como também irá melhorar significativamente as capacidades" de Taiwan, acrescentou William Lai, no editorial.

No entanto, poderá ser difícil ao Governo obter a aprovação do parlamento, onde o KMT, que defende uma aproximação a Pequim, e o PPT têm a última palavra em matéria orçamental.

A recém-eleita presidente do KMT, Cheng Li-wun, já se opôs aos projetos de gastos com defesa defendidos pelo campo de Lai, afirmando que Taiwan "não tem tanto dinheiro".

O primeiro-ministro taiwanês afirmou na semana passada que "o retorno" de Taiwan à China "não é uma opção" para os 23 milhões de habitantes da ilha, numa alusão às declarações de Xi Jinping, após uma conversa telefónica com o homólogo norte-americano, Donald Trump.

Xi fez saber que disse a Trump que "o retorno" de Taiwan à China é uma "parte importante" da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial.

O líder chinês enfatizou que a China e os EUA lutaram "lado a lado" contra o "fascismo e o militarismo" [numa referência à escalada das tensões entre Pequim e Tóquio, decorrentes das declarações da nova chefe do Executivo nipónico, Sanae Takaichi, que afirmou que o Japão poderia intervir militarmente no caso de um ataque a Taiwan] e que, dada a situação atual, é "ainda mais importante" que ambos os lados "salvaguardem conjuntamente" os resultados da vitória na Segunda Guerra.

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