Empresas europeias dizem que Moçambique privilegia chineses apesar de "menor qualidade"

A Associação dos Empresários Europeus em Moçambique (EuroCan) diz que o Estado prefere contratar serviços de empresas chinesas, em detrimento das europeias, por terem preços baixos mas com "menor qualidade".

Lusa /
Rachel Mestre Mesquita - RTP

"Há uma crescente preferência institucional por produtos de origem chinesa, frequentemente de menor qualidade, devido aos seus preços mais baixos e facilidade de fornecimento. Esta tendência compromete a competitividade de produtos europeus, geralmente mais duráveis e tecnologicamente avançados", lê-se no relatório sobre os Exemplos de Barreiras e Constrangimentos ao Investimento Europeu em Moçambique.

No documento, recentemente lançado, os empresários europeus acrescentam que a preferência do Estado moçambicano pelos serviços chineses prejudica, igualmente, as empresas moçambicanas, numa prática que "contradiz os princípios de igualdade de tratamento e promoção do conteúdo local", além de desmotivar investidores que pretendem estabelecer "raízes no país". 

O setor mais afetado, aponta o estudo da EuroCan, é o de construção e fornecimento de equipamentos, que têm sido adjudicados a empresas estrangeiras com representação mínima local, trazendo como implicação a limitação do acesso dos produtos europeus ao mercado moçambicano. 

Segundo os empresários europeus, o atraso nos pagamentos por parte das entidades estatais --- que chega a acumular-se por mais de sete anos --- é também uma barreira ao investimento em Moçambique, num processo que compromete "seriamente" a sustentabilidade financeira das empresas, especialmente as Pequenas e Médias Empresas (PME) europeias que operam em setores como saúde, educação e construção civil. 

A EuroCan aponta ainda a falta de transparência em concursos públicos, nomeadamente a falta de resposta aos concursos públicos, mesmo depois de as empresas submeterem a propostas completas, bem como a atuação da Autoridade Tributária (AT) moçambicana que considera de "agressiva".

"Alguns concursos lançados pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural não tiveram resultados divulgados, mesmo após o fim do mandato anterior", explica o documento, acrescentando que, com relação à atuação da AT, especialmente a nível provincial, "é vista como centrada na coleta imediata, com metas de arrecadação desalinhadas com a realidade financeira das empresas".

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