Empresas têm de aumentar margens de lucro para suportar custos, aumentar salários e reter talentos

A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados não tem dúvidas de que as empresas têm de aumentar as margens de lucro.

Antena1 /

Foto: Antena1

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Paula Franco considera que essa é a única forma de acomodar o aumento dos salários, reter talento devido à escassez de mão de obra, e conseguir suportar os custos das matérias-primas e da produção.

Paula Franco considera que "há uma certa pressão" no Orçamento do Estado para as empresas aumentarem os salários em 5,1 por cento, mas o incentivo que o Estado dá em sede de Orçamento, não é suficiente para as empresas avançarem já com aumentos, para depois ficarem à espera de 2024 para serem compensados. Por isso, adianta que só vão existir aumentos de salários nas empresas que pretendam reter trabalhadores, esse será o único argumento que fará as empresas pagarem mais.

Paula Franco considera que a melhor opção em termos de aumento dos salários poderia passar por um compromisso entre o Estado e as empresas: o Estado abdicava da receita resultante do aumento, as empresas abdicavam do lucro, estabeleciam-se aumentos razoáveis e, durante um certo período, esse aumento ficaria isento de IRS e de taxa contributiva. Relativamente às novas tabelas de retenção que entram em vigor a meio do ano, Paula Franco sugere que seja criado um simulador para que as pessoas percebam qual a taxa efetiva em caso de aumento.

A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados lembra que os reembolsos do IRS poderão nalguns casos deixar de existir, porque os aumentos de vencimentos que passavam de escalão deixam de ser absorvidos pela taxa de IRS, para que as pessoas não recebam menos do que o que estavam a receber, mas isso também pode significar, nalguns casos, no final do ano ter de pagar ao fisco em vez de receber.

Nesta entrevista a bastonária diz que é um erro e uma injustiça o facto de não ter ficado previsto em sede de Orçamento do Estado a dedução à coleta dos empréstimos de habitação feitos após 2011. Paula Franco considera que essa sim, seria uma medida que ajudava muito as famílias. De resto, acha mesmo estranho que a medida não tenha sido contemplada com o argumento de que só teria efeitos em 2024, porque a alternativa encontrada - do trabalhador comunicar à entidade patronal que tem um empréstimo e com isso poder passar para o escalão anterior - vai ter um efeito contrário. Ou seja, o que não pagou durante o ano vai pagar no final quando apresentar a declaração de rendimentos, uma vez que não há dedução à coleta.

Entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Filomena Lança do Jornal de Negócios.
PUB