Em declarações à agência Lusa, o dirigente empresarial lamentou o encerramento da fábrica, no primeiro trimestre de 2009, hoje anunciado pela multinacional durante uma reunião com os sindicatos, arrastando para o desemprego mais de 500 operários.

"O encerramento da fábrica constitui um fortíssimo ataque ao tecido económico da região que já de si é frágil e débil", declarou Jorge Pais.

"É tempo do Governo olhar para a nossa região com outra atenção e perceber o drama que nós estamos a viver", defendeu o responsável do NERPOR.

Jorge Pais considerou ser "urgente" a tomada de medidas políticas de incentivo para o distrito de Portalegre, de forma a "combater a desertificação" e a dar "oportunidades" aos jovens.

O presidente do NERPOR prometeu actuar junto do Governo para que a região do norte alentejano encontre "um rumo".

"Vamos actuar junto do Governo para que nos oiçam", sublinhou.

Jorge Pais lamentou ainda que a região de Portalegre viva numa zona "entalada" entre dois corredores de desenvolvimento: A sul pela ligação da A6, entre Lisboa e Madrid, e a norte pela A23, que passa por Castelo Branco.

"Nós estamos sem projectos âncora, sem projectos estratégicos, passa-nos tudo ao lado", lamentou.

"É preciso que as várias forças políticas e as entidades locais se unam para que haja uma intervenção em prol do desenvolvimento", apelou.

As declarações do presidente do NERPOR surgiram após o anúncio da multinacional norte-americana Delphi de encerrar a unidade de produção de Ponte de Sor no primeiro trimestre de 2009, arrastando para o desemprego mais de 500 trabalhadores.

"No último trimestre deste ano, começam já a sair os primeiros trabalhadores do quadro da empresa", disse à Lusa Francisco Godinho, delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás (Sinquifa).

A multinacional norte-americana, que está ligada à área de acessórios e tecnologia para a indústria automóvel, prevê encerrar totalmente a unidade fabril no primeiro trimestre de 2009, segundo os sindicatos.

Francisco Godinho explicou que a empresa vai iniciar segunda-feira os contactos com os trabalhadores e sindicatos para "discutir as indemnizações".

Os cerca de oitenta operários a contrato são os primeiros a sair, já no próximo Verão, denunciaram os sindicatos.

A administração da Delphi, segundo Francisco Godinho, sustentou a decisão por os produtos fabricados na unidade de Ponte de Sor terem "deixado de ser estratégicos".

A Delphi de Ponte de Sor produz quatro componentes para automóveis: fechos centrais de portas, apoios, airbags e volantes.

Segundo o Sinquifa, a empresa, que "vive graves problemas financeiros nos Estados Unidos da América", anunciou ainda que "a produção de airbags em Ponte de Sor irá ser deslocalizada para a Hungria".

Francisco Godinho mostrou-se preocupado com o futuro dos trabalhadores, na maioria com uma média de idade "avançada".

"A média de idade é de 47 anos, a maioria dos trabalhadores não sabe fazer mais nada e ainda por cima vivemos numa zona onde não há alternativas", advertiu o sindicalista.