Endesa Portugal diz que leilões dão contributo para liberalização mercado mas não resolvem problema
Lisboa, 14 Jan (Lusa) - O presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, afirmou hoje que os leilões de capacidade virtual a realizar na quarta-feira dão um "contributo relevante" para a liberalização do mercado eléctrico mas não resolvem o problema da Sodesa.
"Os leilões dão um contributo relevante para a liberalização [do mercado de electricidade] mas não resolve o problema da Sodesa, que é o único operador que está no mercado juntamente com a EDP", afirmou em declarações à Lusa.
Segundo Nuno Ribeiro da Silva, a Sodesa (empresa de distribuição de electricidade constituída pela Endesa e pela Sonae) já abandonou um terço dos seus clientes no mercado português por falta de condições de concorrência.
Quanto a estes leilões, o responsável afirmou que a Sodesa "está, em princípio, interessada", estando a "estudar as condições da operação".
Nuno Ribeiro da Silva anunciou, em Outubro, a intenção de abandonar o mercado liberalizado em Portugal por não ter condições de importar electricidade de Espanha a preços competitivos.
Em causa estava o congestionamento das interligações entre Portugal e Espanha com a entrada em vigor das novas regras do mercado ibérico de electricidade (MIBEL).
Na altura, a Sodesa abastecia 3.200 pontos de entrega em Portugal, num total de 4 gigawatts/hora (GWh), o que representava 54 por cento do mercado liberalizado.
Para abastecer os seus clientes, a Sodesa necessitava de 500 megawatts (MW) de capacidade de interligação, mas só tinha acesso a 100 megawatts (MW), uma vez que não dispunha de capacidade de produção em Portugal.
Os leilões de capacidade virtual, a efectuar na quarta-feira, colocam à disposição dos operadores de mercado 1500 megawatts (MW) de produção de energia eléctrica, vendidos em partes iguais pela EDP e pela REN Trading.
No total, serão leiloados no primeiro trimestre deste ano um total de 1.900 MW de produção eléctrica para entrega até Setembro.
Os leilões de capacidade virtual de produção são mecanismos destinados a transaccionar opções de compra de energia eléctrica, através dos quais se disponibiliza aos comercializadores ou grandes consumidores a utilização da capacidade de produção de centrais existentes, contribuindo, assim, para a dinamização do mercado.
Fazem parte do acordo estabelecido entre Portugal e Espanha, a 8 de Março, no sentido de aprofundar o Mercado Ibérico de Electricidade.
O ano passado foram realizados dois leilões, num total de 240 MW leiloados pela REN Trading, referentes à produção das duas centrais que mantêm os contratos de aquisição de energia (CAE): Central do Pego, da Tejo Energia, e central da Tapada do Outeiro, da Turbogás.
Esta é a primeira vez que a EDP participa nos leilões, uma obrigação que decorre da sua posição de operador dominante no mercado eléctrico português.