Entram em vigor tarifas de Trump sobre metais estrangeiros

O aumento de 25 para 50 por cento sobre o aço e o alumínio, anunciando por Donald Trump, entra em vigor esta quarta-feira. Medida aplaudida pela indústria siderúrgica norte-americana, mas que gerou indignação entre os parceiros comerciais dos Estados Unidos, incluindo o México, que importa mais aço dos EUA do que o que exporta.

Inês Moreira Santos - RTP /
Karen Pulfer Focht - Reuters

"Vamos aumentar as tarifas sobre o aço nos Estados Unidos de 25 para 50 por cento, o que dará ainda mais segurança à indústria no país", anunciou Trump, num comício em Pittsburgh, na Pensilvânia, a 31 de maio, onde celebrou o acordo de investimento entre a siderurgia japonesa Nippon Steel e a empresa norte-americana U.S. Steel.

O preço dos produtos siderúrgicos aumentou cerca de 16 por cento desde que o republicano regressou à Presidência norte-americana, de acordo com o índice de preços no produtor do governo. Agora este aumento sobre as importações de aço e alumínio estrangeiro tem como objetivo, segundo Trump, reavivar a indústria dos EUA.

Este anúncio de Trump, sobre o aumento das tarifas dos metais, surgiu um dia depois de um tribunal de recurso ter levantado um bloqueio do Tribunal de Comércio Internacional (TCE) a grande parte da política tarifária da Casa Branca sobre as importações de vários países. Este bloqueio não terá afetado as tarifas sobre o aço, contrariamente às taxas anunciadas a 2 de abril, que consistem numa tarifa global de dez por cento sobre praticamente todos os parceiros comerciais dos EUA.
"Não faz sentido"

Donald Trump assinou um decreto, na terça-feira, formalizando o aumento das tarifas que, segundo consta no documento, “vão combater de forma mais eficaz os países estrangeiros que continuam a vender aço e alumínio excedentes e de baixo custo no mercado dos Estados Unidos, prejudicando assim a competitividade das indústrias de aço e alumínio dos EUA”.

Em reação, o gabinete do primeiro-ministro canadiano Mark Carney afirmou que o Canadá estava "em negociações intensas e ativas para remover essas e outras tarifas". E o ministro da Economia do México reiterou que as tarifas eram insustentáveis e injustas, especialmente considerando que o país importa mais aço dos EUA do que exporta para lá.

“Não faz sentido que os Estados Unidos imponham uma tarifa sobre um produto em que há superavit, disse Marcelo Ebrard, acrescentando que o México vai tentar uma isenção do aumento.
"Contramedidas"

As medidas agora em vigor incluem tarifas de 25 por cento sobre o aço, o alumínio e derivados, 25 por cento sobre os automóveis importados e certas peças automóveis, juntamente com uma tarifa de base de dez por cento aplicável a todos os parceiros comerciais. Cerca de um quarto de todo o aço utilizado nos EUA é importado e prevê-se que este aumento das taxas afetará especialmente os parceiros comerciais mais próximos, como o Canadá e o México, que serão os que importam mais aço norte-americano.

Na sequência da imposição dos direitos aduaneiros, os Estados Unidos já celebraram acordos comerciais com o Reino Unido e a China para reduzir as taxas e aumentar o acesso a esses mercados. A União Europeia, por sua vez, lamentou “profundamente” estas novas taxas, indicando que “prejudicam os esforços em curso para chegar a uma solução negociada”.

"Se não for encontrada nenhuma solução mutuamente aceitável", as "contramedidas" europeias "entrarão automaticamente em vigor em 14 de julho, ou mesmo antes, se as circunstâncias o exigirem", disse um porta-voz da UE citado pela agência France-Presse (AFP), sublinhando que o bloco comunitário estava "pronto" para retaliar.
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