Entreposto vende representação da Nissan a duas empresas, processo em tribunal
** De Zélia Oliveira, da Agência Lusa **
Torres Vedras, Lisboa, 27 Fev (Lusa) - A Entreposto Lisboa vendeu a representação da marca de automóveis Nissan em Torres Vedras a duas empresas diferentes e o caso, que gerou polémica na cidade, vai agora para Tribunal.
A concessionária decidiu sub-alugar a representação da marca nipónica à "Bretescar" em Agosto de 2007, mas o negócio acabou por ser concretizado com a empresa "Car-Atlântico".
Tudo começou quando o empresário Vítor Brettes comprou ao Entreposto Lisboa, concessionário da marca para a zona da Grande Lisboa, a representação da Nissan em Torres Vedras. O objectivo do empresário era poder efectuar vendas e reparações de automóveis desta marca em instalações próprias e "multi-marcas" que dispunha.
Vítor Brettes celebrou a 09 de Agosto de 2007 com Nuno Matos, da Entreposto de Lisboa, um contrato-promessa de trespasse das vendas e da reparação automóvel da Nissan, tendo na altura passado um cheque no valor de 17 500 euros, o qual foi levantado da conta do empresário como o próprio provou em documentos mostrados à agência Lusa.
Cerca de um mês depois, a Entreposto enviou uma carta aos trabalhadores da empresa, a dizer que a partir de 01 de Outubro a titularidade da empresa passava para a empresa `Bretescar`, da qual Vítor Brettes é proprietário.
O negócio parecia estar consumado, mas em Outubro Vítor Brettes é supreendido com uma nova proposta de contrato por parte da Entreposto. "Depois do contrato assinado comigo, o senhorio a quem a Entreposto tinha as instalações alugadas exigiu que, antes da mudança de operador, este fizesse obras e deixasse o local tal como estava, o que representava um prejuízo para o vendedor que não contava com esta despesa", explicou Vítor Brettes.
"Foi por isso que me enviaram um novo contrato, o qual introduzia uma nova cláusula que me responsabilizava pelas obras. Deram-me inclusivamente um prazo para o assinar mas como eu não ia operar naquelas instalações, e já tinha o primeiro contrato assinado não assinei mais nada", relatou.
"O meu negócio nunca passaria por ficar com as instalações onde estava a Nissan mas sim com a marca nas minhas instalações multi-marcas", sustentou.
"A 13 de Dezembro - prosseguiu - os trabalhadores da empresa recebem uma carta idêntica à anterior, mas desta vez a dizer que o novo dono é a Car-Atlântica, é aqui que descubro que afinal o negócio foi feito também com outra entidade".
O empresário afirmou que depois de ter descoberto a dupla venda tentou obter explicações do Entreposto mas como até agora nada se resolveu o caso vai mesmo seguir para Tribunal.
"O tribunal é que irá decidir quem ficará com a marca. Ou somos nós porque fomos os primeiros a comprar ou a outra empresa e aí teremos que ser indemnizados", vaticinou Vítor Brettes.
Contactado pela Lusa, o responsável pela Entreposto negou a acusação de ter vendido duas vezes a mesma representação da marca: "não foi vendido duas vezes", declarou à Lusa Nuno Matos da Entreposto de Lisboa.
"O processo está entregue a advogados, que têm estado em contacto com o advogado do senhor Vítor Brettes", acrescentou Nuno Matos escusando-se a dar mais explicações.
O responsável pela Entreposto chegou a garantir ainda que os seus advogados voltariam a contactar a Lusa para explicarem o caso mas nunca o chegaram a fazer.
Desde o dia 31 de Dezembro que a representação da marca Nissan em Torres Vedras está a cargo da empresa Car-Atlântica que tem inclusivamente publicidade espalhada pela cidade.
Contactada pela Lusa, esta empresa afirmou que sobre a aquisição da representação "não quer entrar em guerras" com uma pessoa da terra.
"A Car-Atlântica candidatou-se e foi autorizada", respondeu o gabinete do presidente da empresa.
Do lado da Nissan Portugal, o director de comunicação António Pereira Joaquim disse que "desconhece" os termos em que se deu a adjudicação ou cedência da representação em Torres Vedras.
Para a Nissan, a Entreposto de Lisboa continua a ser o concessionário oficial para a zona de Lisboa podendo este subalugar as vendas e a reparação automóvel a outras empresas.
À Nissan, explicou, cabe "aprovar" as novas instalações da marca de acordo com a legislação em vigor, e as que lhe foram apresentadas para aprovação foram as da Car-Atlântica.
O director de comunicação admitiu, porém, que chegou a existir "uma primeira avaliação às instalações da Bretescar mas o processo da aprovação que inclui uma auditoria não chegou ao fim".
Vítor Brettes garante que "a Nissan viu as instalações e concordou com elas, conforme está escrito".
O que aconteceu é que como o concessionário entretanto desistiu do negócio com a Bretescar o processo de avaliação não teve seguimento, ao contrário do que veio a acontecer com a Car-Atlântica.
"A Car-Atlântica fez todo o processo e foi aprovada a auditoria para poder operar com a marca", disse o responsável pela marca.
ZO