Esforço chinês em desenvolver relações com África "não é contra EUA"
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, afirmou hoje que o esforço de desenvolvimento das relações da China com África não está a ser feito contra os Estados Unidos.
"Os esforços para desenvolver as relações com a África e a América Latina não são dirigidos contra um país terceiro", afirmou Wen Jiabao numa conferência de imprensa no Cairo, a primeira etapa de uma visita oficial pelo continente africano.
"As tentativas e esforços visando desenvolver estas relações não pretendem forjar alianças e não ameaçarão os interesses de outros países. Estou confiante que o Governo norte-americano reconheça esta posição por parte da China", salientou.
O dirigente chinês respondia, assim, a questões sobre a iniciativa política da China em reforçar as relações com os países em vias de desenvolvimento.
A China, que actualmente é criticada pelas suas ligações com os regimes como os do Sudão e do Zimbabué, excluiu estes países do périplo oficial para mostrar que é uma potência responsável em África, segundo frisaram analistas políticos.
Questionado sobre a importância dos direitos humanos nas relações de Pequim com África, Wen Jiabao reiterou o princípio da não ingerência nos assuntos internos africanos.
"A política chinesa é constante. Nós seguimos o princípio do respeito mútuo, da igualdade, dos interesses mútuos e da não ingerência", realçou.
"Nós pensamos que as populações dos diferentes países, entre as quais as de África, têm o direito e a capacidade de tratar dos seus próprios assuntos", acrescentou.
O primeiro-ministro chinês defendeu também um aumento investimento chinês em África, assegurando que permitirão o desenvolvimento deste grande e rico continente.
"A China dá uma grande importância ao desenvolvimento das relações económicas e comerciais com a África", garantiu.
Adiantou que prevê que as trocas comerciais entre as duas partes terão oportunidade para crescer ainda mais.
Entre 1990 e 2004, as trocas comerciais entre a China e a África multiplicaram-se por quarenta, atingindo cerca de 40 mil milhões de euros em 2005, segundo estimativas chinesas.
Nesta visita a África, Pequim trouxe cerca de um terço das empresas chinesas importadoras de petróleo.
"Nós continuaremos a encorajar as companhias chinesas a virem a África para cooperar com as suas homólogas africanas, com o objectivo de ajudar os amigos africanos a melhorar o seu desenvolvimento", disse Wen Jiabao.
Segundo o governante, nos últimos 50 anos, a ajuda chinesa a África totalizou 5,5 mil milhões de euros.
No mesmo período, Pequim enviou 16.000 técnicos de saúde e médicos para 43 países africanos e reduziu ou anulou a dívida externa de 31 Estados africanos.
O governante chinês encontrou-se hoje com o presidente egípcio, Hosni Moubarak, com quem abordou a a situação no Próximo-Oriente e o estado das relações bilaterais.
Wen Jiabao, que chegou sábado ao Cairo, assinou 11 acordos e memorandos com o seu homólogo egípcio, Ahmed Nazif, nos domínios da cooperação tecnológica, energética e económica em geral.
"Nós podemos dizer que a China e o Egipto estabeleceram uma amizade que durará para sempre, como as pirâmides", disse o governante antes de partir para o Ghana.