EUA suspendem por um mês tarifas impostas a produtos canadianos

Os Estados Unidos suspenderam a aplicação das tarifas de 25 por cento sobre a maioria das importações e produtos impostas ao Canadá por 30 dias. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e pelo presidente norte-americano, Donald Trump, após uma conversa telefónica entre os dois líderes esta segunda-feira.

Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Carlos Osorio - Reuters

“As tarifas anunciadas no sábado serão suspensas por um período de 30 dias para ver se conseguimos construir um acordo económico final com o Canadá”, escreveu Donald Trump na sua rede social Truth Social.

 

O chefe do Governo canadiano também confirmou o adiamento da aplicação das tarifas após o que descreveu como uma “boa conversa” com o presidente norte-americano.

Em troca, o Canadá concordou em reforçar os esforços de fiscalização da fronteira em resposta à exigência de Trump para conter a imigração e o tráfico de droga.

“O Canadá concordou em garantir que temos uma Fronteira Norte segura e finalmente acabar com o flagelo mortal de drogas como o Fentanil que continuam a chegar ao nosso país, matando centenas de milhares de americanos, enquanto destroem famílias e comunidades por todo o país”, escreveu Trump.

"O Canadá está a assumir novos compromissos”, escreveu Justin Trudeau na rede social X. “Nomearemos um responsável pela questão do fentanil, acrescentaremos os cartéis mexicanos à lista de entidades terroristas (...) e lançaremos, com os Estados Unidos, uma força de ataque conjunta contra o crime organizado, o tráfico de fentanil e o branqueamento de capitais", adiantou Trudeau.

O Canadá também implementará o seu plano de fronteira de 1,3 mil milhões de dólares, "reforçando a fronteira com novos helicópteros, tecnologia e funcionários”.

“Quase 10.000 funcionários da linha de frente estão e estarão a trabalhar na proteção da fronteira”, garantiu Trudeau. No total, as novas medidas representam um investimento de 200 milhões de dólares canadianos (cerca de 136 milhões de dólares americanos).

A notícia surgiu momentos depois de Trump ter acordado com o México a suspensão das tarifas comercial igualmente por 30 dias. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, comprometeu-se a enviar dez mil militares para a fronteira para controlar a imigração e combater o tráfico de droga.
Canadianos respondem às ameaças de Trump
Quando Donald Trump anunciou que iria aplicar taxas alfandegárias de 25 por cento sobre produtos canadianos, Justin Trudeau encorajou os seus compatriotas a comprarem produtos locais e a passarem as férias no território nacional.

Indignados, os canadianos prometiam retaliar e começaram a boicotar produtos norte-americanos e a cancelar viagens para os EUA. Algumas províncias ameaçaram mesmo deixar de vender todas as bebidas alcoólicas americanas nas lojas que controlam.

Em Ontário, a empresa pública que controla a compra de bebidas alcoólicas e gastava anualmente 680 milhões de dólares em compras aos Estados Unidos, vai retirar estes produtos das suas prateleiras.

"O Canadá não começou esta luta com os Estados Unidos, mas tenham certeza de que estamos prontos para vencê-la", declarava Doug Ford, chefe de Governo Ontário.


A província canadiana também suspendeu o contrato de 100 milhões de dólares (96,5 milhões de euros) com o Starlink, o serviço de Internet por satélite fornecido pela empresa SpaceX de Elon Musk.

“Ontário não fará negócios com pessoas empenhadas em destruir a nossa economia”, disse Ford.

No sábado, depois do anúncio de Trump, o Canadá declarou que também iria aplicar taxas de 25% sobre 30 mil milhões de dólares em exportações dos EUA para o país a partir de terça-feira, em retaliação às tarifas.

Para além disso, o governo canadiano também planeou aplicar as mesmas tarifas a outros 125 mil milhões de dólares em importações dos EUA a partir de 25 de fevereiro.

Na ordem executiva assinada no sábado por Donald Trump também foram aplicadas taxas aduaneiras de 10% aos produtos provenientes da China. E esta segunda-feira, o presidente norte-americano afirmou que também os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras "muito em breve".

c/agências
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