Economia
Euro em queda aproxima-se da paridade com o dólar
O Euro atingiu o valor mais baixo desde setembro de 2003. A moeda única mantém a trajetória descendente e negoceia já abaixo dos 1,10 dólares. Uma queda que se verifica quando faltam poucos dias para que Mario Draghi dê início à compra de títulos de dívida pública. A quebra da cotação da moeda única apresenta-se como positiva para as empresas exportadoras que poderão aumentar a sua competitividade no mercado externo. No entanto, é expectável um aumento do preço das matérias-primas, nomeadamente da energia.
Euro igual ao dólar. Há mais de 11 anos que esta realidade não estava tão próxima como se tem verificado neste final de semana. Esta sexta-feira, o euro desvalorizou mais de um por cento, negociando nos 1,09 dólares ao fim da tarde.
Os mercados aguardam o início da “bazooka” de Mario Draghi. A partir da próxima segunda-feira, dia 9 de março, o Banco Central Europeu vai começar o seu programa de compra de títulos de dívida pública e privada em grande quantidade.Embora a desvalorização monetária não se apresente como o objetivo principal de Mario Draghi, a instituição também tem interesse que esta ocorra, de forma a dar um novo folgo às empresas exportadoras europeias.
Trata-se de uma aposta de Frankfurt para tentar assegurar a estabilidade de preços e reanimar uma economia europeia ainda débil, que tarda em ultrapassar a crise.
Para além das chamadas medidas de Quantitative Easing, o BCE mantém as taxas de juro a níveis historicamente baixos. Estas medidas contribuem para um aumento da massa monetária em circulação o que tende a provocar a desvalorização da moeda única.
Enquanto Frankfurt aposta em medidas de estímulo da economia, os Estados Unidos retiram os seus incentivos. A Reserva Federal prepara-se para aumentar as taxas de juro, enquanto se vão reduzindo as medidas expansionistas. As ações dos dois bancos centrais acabam por puxar no mesmo sentido: a desvalorização do euro em relação em dólar.
Para esta tendência contribui ainda a evolução das duas economias. A economia norte-americana aparenta estar a crescer de forma cada vez mais sustentada, enquanto a economia europeia permanece com um crescimento fraco e em risco de entrar numa situação de deflação.
Exportações beneficiam
A queda da cotação do euro é sobretudo benéfica para a indústria exportadora que poderá conseguir aumentar a sua competitividade e ver crescer as suas quotas de mercado.
“Em geral, prevemos que um ganho de competitividade de dez por cento – ou seja, uma depreciação da moeda nessa ordem – conduza a um crescimento de exportações de sete por cento”, refere Patrick Artus, economista do banco de investimento Natixis.O euro aproxima-se da paridade com o dólar algo que aconteceu muitas poucas vezes desde o seu surgimento.
A moeda europeia foi lançada em 1999 e valia cerca de 1,18 dólares. No entanto, passou grande parte do tempo a negociar bem acima desse valor.
Os primeiros meses foram de queda, tendo chegado a valer cerca de 0,82 dólares.
A intervenção dos bancos centrais conduziram à valorização da moeda europeia que alcançou a paridade em 2002.
Em 2008, a moeda única atingiu o seu valor máximo: acima dos 1,60 dólares.
Com o euro a valer menos dólares, as empresas exportadoras conseguem oferecer preços mais baixos em moeda internacional. Aumentam assim a sua competitividade em relação às suas concorrentes estrangeiras.
A queda do euro “será positiva para as empresas que têm a maioria dos seus custos na zona euro mas que têm um grande volume de vendas fora desta região”, prevê Anke Rindermann, analista sénior da Moody’s.
Citada pela Associated Press, a analista insere nesta categoria os grupos automóveis BMW, Daimler – proprietária da marca Mercedes-Benz - e Volkswagen, cujo parte significativa da produção se destina ao mercado norte-americano.
Em entrevista a Le Monde, o economista Patrick Artus alerta, no entanto, para o facto de uma queda abrupta na cotação da moeda poder impedir as empresas de aproveitar completamente este ganho de competitividade.
Tudo porque, atenta Artus, as empresas podem não ter a capacidade para aumentar a produção num curto intervalo de tempo para aproveitar o previsível aumento da procura internacional.
O setor do turismo também poderá sair beneficiado com a queda da moeda única. Para os turistas, oriundos de fora da Zona Euro, o acesso a estadias, produtos e serviços ficará mais barato, tendo em conta a desvalorização monetária. Isto deve-se a que, ao trocar moeda, receberão mais euros pela mesma quantidade de dólares que recebiam antes.
Por acção deste factor poderão aumentar as despesas em solo europeu, nomeadamente por parte de turistas norte-americanos.
Petróleo mais caro
No entanto, nem tudo são benefícios associados à queda da moeda única. Os produtos transacionados em moedas internacionais, nomeadamente as matérias-primas, tendem a ficar mais caros.
Esta realidade tem sido visível, por exemplo, no caso do petróleo. Embora o preço do barril de crude tenha caído de forma profunda, a queda do euro tem reduzido o ganho dos países da moeda única.
“Desde o verão de 2014, o preço do barril de petróleo em dólares passou de cerca de 115 dólares a 60 dólares. A cotação do euro passou de 1,40 a 1,10 dólares. Neste nível, perdemos com a desvalorização do euro metade do ganho que verificamos sobre o preço do petróleo em dólares”, recorda Patrick Artus a Le Monde.
As empresas poderão ver as suas despesas com matérias-primas aumentar, nomeadamente no caso dos bens energéticos. Uma realidade que também poderá ocorrer no caso das famílias.
Para as famílias, a queda da cotação do euro poderá significar um aumento do preço da energia.
Os mercados aguardam o início da “bazooka” de Mario Draghi. A partir da próxima segunda-feira, dia 9 de março, o Banco Central Europeu vai começar o seu programa de compra de títulos de dívida pública e privada em grande quantidade.Embora a desvalorização monetária não se apresente como o objetivo principal de Mario Draghi, a instituição também tem interesse que esta ocorra, de forma a dar um novo folgo às empresas exportadoras europeias.
Trata-se de uma aposta de Frankfurt para tentar assegurar a estabilidade de preços e reanimar uma economia europeia ainda débil, que tarda em ultrapassar a crise.
Para além das chamadas medidas de Quantitative Easing, o BCE mantém as taxas de juro a níveis historicamente baixos. Estas medidas contribuem para um aumento da massa monetária em circulação o que tende a provocar a desvalorização da moeda única.
Enquanto Frankfurt aposta em medidas de estímulo da economia, os Estados Unidos retiram os seus incentivos. A Reserva Federal prepara-se para aumentar as taxas de juro, enquanto se vão reduzindo as medidas expansionistas. As ações dos dois bancos centrais acabam por puxar no mesmo sentido: a desvalorização do euro em relação em dólar.
Para esta tendência contribui ainda a evolução das duas economias. A economia norte-americana aparenta estar a crescer de forma cada vez mais sustentada, enquanto a economia europeia permanece com um crescimento fraco e em risco de entrar numa situação de deflação.
Exportações beneficiam
A queda da cotação do euro é sobretudo benéfica para a indústria exportadora que poderá conseguir aumentar a sua competitividade e ver crescer as suas quotas de mercado.
“Em geral, prevemos que um ganho de competitividade de dez por cento – ou seja, uma depreciação da moeda nessa ordem – conduza a um crescimento de exportações de sete por cento”, refere Patrick Artus, economista do banco de investimento Natixis.O euro aproxima-se da paridade com o dólar algo que aconteceu muitas poucas vezes desde o seu surgimento.
A moeda europeia foi lançada em 1999 e valia cerca de 1,18 dólares. No entanto, passou grande parte do tempo a negociar bem acima desse valor.
Os primeiros meses foram de queda, tendo chegado a valer cerca de 0,82 dólares.
A intervenção dos bancos centrais conduziram à valorização da moeda europeia que alcançou a paridade em 2002.
Em 2008, a moeda única atingiu o seu valor máximo: acima dos 1,60 dólares.
Com o euro a valer menos dólares, as empresas exportadoras conseguem oferecer preços mais baixos em moeda internacional. Aumentam assim a sua competitividade em relação às suas concorrentes estrangeiras.
A queda do euro “será positiva para as empresas que têm a maioria dos seus custos na zona euro mas que têm um grande volume de vendas fora desta região”, prevê Anke Rindermann, analista sénior da Moody’s.
Citada pela Associated Press, a analista insere nesta categoria os grupos automóveis BMW, Daimler – proprietária da marca Mercedes-Benz - e Volkswagen, cujo parte significativa da produção se destina ao mercado norte-americano.
Em entrevista a Le Monde, o economista Patrick Artus alerta, no entanto, para o facto de uma queda abrupta na cotação da moeda poder impedir as empresas de aproveitar completamente este ganho de competitividade.
Tudo porque, atenta Artus, as empresas podem não ter a capacidade para aumentar a produção num curto intervalo de tempo para aproveitar o previsível aumento da procura internacional.
O setor do turismo também poderá sair beneficiado com a queda da moeda única. Para os turistas, oriundos de fora da Zona Euro, o acesso a estadias, produtos e serviços ficará mais barato, tendo em conta a desvalorização monetária. Isto deve-se a que, ao trocar moeda, receberão mais euros pela mesma quantidade de dólares que recebiam antes.
Por acção deste factor poderão aumentar as despesas em solo europeu, nomeadamente por parte de turistas norte-americanos.
Petróleo mais caro
No entanto, nem tudo são benefícios associados à queda da moeda única. Os produtos transacionados em moedas internacionais, nomeadamente as matérias-primas, tendem a ficar mais caros.
Esta realidade tem sido visível, por exemplo, no caso do petróleo. Embora o preço do barril de crude tenha caído de forma profunda, a queda do euro tem reduzido o ganho dos países da moeda única.
“Desde o verão de 2014, o preço do barril de petróleo em dólares passou de cerca de 115 dólares a 60 dólares. A cotação do euro passou de 1,40 a 1,10 dólares. Neste nível, perdemos com a desvalorização do euro metade do ganho que verificamos sobre o preço do petróleo em dólares”, recorda Patrick Artus a Le Monde.
As empresas poderão ver as suas despesas com matérias-primas aumentar, nomeadamente no caso dos bens energéticos. Uma realidade que também poderá ocorrer no caso das famílias.
Para as famílias, a queda da cotação do euro poderá significar um aumento do preço da energia.