Euro está sobrevalorizado e o dólar próximo do ponto de equilíbrio - John Lipsky
Washington, 22 Jul (Lusa) -O "número dois" do Fundo Monetário Internacional (FMI), John Lipsky, disse hoje que o euro está sobrevalorizado, enquanto o dólar se encontra nesta altura mais perto do seu ponto de equilíbrio em toda uma década.
Numa conferência no Instituto Brookings, o subdirector geral do FMI assinalou que as previsões da economia para a zona euro a médio prazo não justificam o actual valor do euro.
"O euro está sobrevalorizado em relação aos seus fundamentos a médio prazo, enquanto as divisas de muitos países com superavit, incluindo a China, mantêm-se infravalorizadas, apesar de uma ligeira apreciação em termos reais", disse Lipsky.
O euro baixou hoje no mercado de Frankfurt até aos 1,5837 dólares.
O dólar desvalorizou em cerca de 25 por dento em termos reais desde o início de 2002, segundo o FMI.
A última vez que o dólar experimentou um período tão longo de depreciação foi entre 1985 e 1991.
O FMI considera, não obstante, que a divisa norte-americana está actualmente mais "perto do seu ponto de equilíbrio a médio prazo do que esteve na última década" de acordo com Lipsky.
Apesar do pessimismo de alguns economistas, para o subdirector geral do FMI "não há dúvida de que o dólar manterá o papel central" que sempre desempenhou nas reservas de divisas, inclusive se tiver de "partilhar o cenário" com outras moedas em maior grau do que aconteceu até agora.
A desvalorização do dólar está a ajudar a reduzir o défice da conta corrente dos Estados Unidos mas este efeito não foi suficiente para aliviar os desequilíbrios e riscos que afectam a economia", explicou o "número dois" do FMI.
Refere-se, em particular, ao facto de os preços recorde do crude e do encarecimento das matérias-primas poderem gerar "grandes superavit" nos países exportadores de petróleo.
O organismo reconhece que os desequilíbrios "poderão permanecer mais tempo" do que o inicialmente previsto, sustentando mesmo que "se manterão fortes a curto prazo".
"Mais ainda, poderão surgir novos desequilíbrios e os riscos podem mudar", advertiu Lipsky.
O subdirector geral do FMI advertiu também que uma deterioração nas previsões da inflação representa "um sério potencial risco" para a economia global.
Neste sentido, advogou medidas monetárias mais severas para conter a inflação, sobretudo nos mercados emergentes, ao mesmo tempo que é necessário adoptar taxas de câmbio "mais flexíveis".
Lipsky considera que as actuais turbulências na economia mundial requerem medidas "flexíveis" e adaptadas à actual situação, dado que "as circunstâncias mudaram".
Pela mesma razão, argumenta, os Governos e organismos reguladores necessitam de impulsionar medidas "decisivas" e "inovadoras" para salvaguardar a estabilidade financeira nas economias avançadas, o que poderá incluir, assegurou, orientar as despesas públicas com muito mais cautela e tendo em conta as consequências.
Por último, Lipsky sublinhou que a superação da crise económica é uma "responsabilidade partilhada a nível global", que requer um esforço por parte de todos os países.
TM.
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