Ex-dirigentes da Biblioteca Nacional contestam declarações de atual diretor-geral
Ex-dirigentes da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) contestaram hoje declarações do atual diretor-geral, Diogo Ramada Curto, à agência Lusa sobre a execução de trabalhos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Em entrevista à Lusa divulgada no sábado, Diogo Ramada Curto, referiu que quando chegou à biblioteca, em abril de 2024, "tinham sido executados 11%" dos trabalhos de um PRR para conservação, digitalização e catalogação, no valor de sete milhões de euros.
"Tivemos esse impulso que nos foi dado pelo PRR e estamos numa boa fase de execução. Já foi digitalizado e estamos agora a avançar para a fase seguinte, que é fundamentalmente a disponibilização desse material", disse o diretor.
"Neste momento, estamos em cerca de 60% e vamos cumprir com todo esse PRR", garantiu Diogo Ramada Curto.
Num texto enviado à Lusa assinado por antigas dirigentes do BNP, incluindo a ex-diretora Maria Inês Cordeiro, é referido que "no final de abril 2024 o PRR estava executado em 50,15% quanto ao número de imagens digitalizadas (10.029.139), e em 26,41 % (1.954.658,18 Euro) do total do financiamento".
Indica-se também que o contrato de financiamento PRR foi assinado em dezembro de 2021, que visava a digitalização de 20 milhões de imagens das coleções da biblioteca e que a anterior direção celebrou, em 2022-2023, "13 contratos, correspondendo a 32,48% do total de financiamento e a 83,98% da meta global de 20 milhões de imagens".
As ex-dirigentes, também a ex-subdiretora-geral Maria Margarida Lopes e a ex-diretora de Serviços Helena Simões Patrício, dizem ainda que "dados da Estrutura de Missão Recuperar Portugal indicavam, a 18.09.2024, que a BNP estava com 40% do financiamento pago; e que a 16.07.2025, estava com 57%".
"Estes resultados decorrem da execução e trabalho deixados pela Direção anterior", assinalam.
Na entrevista à Lusa, o atual diretor disse ainda que o anfiteatro da BNP vai ser restaurado com verbas do PRR, através de uma empreitada a lançar nos próximos meses, que deverá estar concluída em menos de um ano.
"Conseguimos, através de dois projetos que já tínhamos em carteira, ir à última fase do PRR de obras", disse, adiantando que se espera lançar a empreitada nos próximos meses e executá-la "até meados do ano que vem".
Além do anfiteatro deverá ser recuperada "uma sala de reservados", onde se encontram livros raros e manuscritos.
Um milhão e cem mil euros é o valor do PRR destinado às obras no anfiteatro e na outra sala, mediante uma "pequena comparticipação" da biblioteca.