Ex-governante defende maior presença do pescado nos certames internacionais
Penela, Coimbra 27 abr (Lusa) - O ex-governante Paulo Júlio defendeu hoje, em Penela, que deve ser o Governo a organizar a representação das empresas nacionais nos certames internacionais no setor do pescado, em que Portugal é o terceiro maior consumidor mundial.
Para o antigo secretário de Estado da Administração Local, o "setor das pescas e processamento do pescado tem de estar presente em todos os continentes do mundo, não se pode limitar a certames na Europa".
"Portugal é o terceiro país do mundo a consumir pescado per capita. Temos um bom mercado interno e, além da Europa, onde temos uma presença assídua, precisamos de olhar para o resto do mundo", disse à agência Lusa Paulo Júlio, atual diretor-geral da empresa Frijobel, de Penela, no distrito de Coimbra, uma das cinco maiores empresas nacionais do setor do processamento do pescado.
O gestor, que presidiu ao município de Penela entre 2005 e 2011, proferiu hoje de manhã uma conferência sobre "A indústria e o consumo do pescado - sustentabilidade e criação de valor na economia do mar em Portugal", promovida pela Escola Tecnológica e Profissional de Sicó, no âmbito da semana da Ciência e do Empreendedorismo.
Segundo Paulo Júlio, Portugal precisa, "de forma prática, de uma ação concreta que deverá ser feita nos próximos anos" e que terá de ter também a colaboração de empresas com essa "visão e ambição".
"No Chile (América do Sul), que aposta neste setor de forma estratégica, é o Governo quem promove e organiza a participação de empresas do setor em praticamente todos os grandes certames do mundo, sem exceção", sublinhou o antigo governante.
O diretor-geral da Frijobel deu ainda o exemplo do Peru, que, "há bem pouco tempo, convidou uma série de empresas europeias, nas quais estavam algumas portuguesas, a ir visitar fábricas deste setor" no seu país.
"Nós temos uma ação mais generalista, que é bem feita pelo AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), mas os setores não são todos estratégicos, portanto não podem ser genericamente estratégicos", salientou o gestor.
"Se queremos que o setor da indústria do processamento do pescado, ligado ao mar, também seja um setor estratégico, temos de agir de uma forma mais focada para ter outros resultados", acrescentou Paulo Júlio.
A Frijobel, fundada em 1998, exporta para 15 países e registou um volume de negócios em 2014 de 25 milhões de euros, prevendo aumentar este ano a faturação para 28 milhões de euros.