Exportações do Metal Portugal crescem 27,2% em março e registam melhor 1.º trimestre de sempre

por Lusa

As exportações portuguesas de metalurgia e metalomecânica atingiram em março um recorde de 2.524 milhões de euros, um aumento homólogo de 27,2%, registando "o melhor primeiro trimestre", 19,7% acima de 2022, anunciou hoje a associação setorial.

"Depois de o ano de 2022 ter confirmado mais um recorde anual, com as exportações do Metal Portugal a atingirem 23.080 milhões de euros, as perspetivas para este ano são naturalmente otimistas, até porque o ano de 2023 regista taxas de crescimento homólogo crescentes, com 13,7% em janeiro, 15,6% em fevereiro e o extraordinário registo obtido no mês de março (27,2%)", avança a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) em comunicado.

Para a associação, "estes resultados confirmam e consolidam a trajetória de crescimento do setor, num ano em que o mercado continua a enfrentar um contexto particularmente desafiante, com elevados custos de produção particularmente no que diz respeito à energia, contexto inflacionista e de subida das taxas de juro, e alguma incerteza quanto à evolução da conjuntura política e económica mundial, nomeadamente a evolução da situação de guerra na Ucrânia".

De acordo com a AIMMAP, as exportações para a União Europeia continuam a concentrar a quota mais elevada, com 76% do total das vendas do setor para o exterior.

Espanha, Alemanha, França, Itália, Reino Unido (não incluindo a Irlanda do Norte), Austrália, Japão e Marrocos destacam-se entre os países com maior crescimento absoluto neste período, revelando, segundo a associação, "que os mercados extracomunitários também continuam a ganhar importância".

Ainda assim, o grupo de países para os quais o Metal Portugal mais exportou mantém-se relativamente estável, incluindo Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, EUA, Angola e Países Baixos.

Citado no comunicado, o vice-presidente executivo da AIMMAP considera que estes são "números incríveis, que vêm dar luz a uma realidade socioeconómica muito complexa", sustentando que tornam "ainda mais difícil compreender porque é que o Governo continua a virar as costas à iniciativa privada, que é a verdadeira fonte sustentável de criação de riqueza e com um contributo único para a principal componente que alavanca o PIB [Produto Interno Bruto], que são as exportações".

"Num ano que começou novamente com mais incúrias do executivo com a TAP, que continua a absorver milhões, e os primeiros concursos do Portugal 2030 a excluírem por completo a atividade empresarial, os resultados do Metal Portugal são verdadeiramente notáveis e são o principal contributo para manter a economia portuguesa à superfície", afirma Rafael Campos Pereira.

O dirigente associativo entende que "é fundamental haver uma revolução no paradigma da gestão governativa no país", de forma que "as empresas passem também a ser uma prioridade, até porque são elas que criam emprego e que mais contribuem para o crescimento do PIB".

"Estamos ainda num cenário conjuntural de grandes incertezas. O Governo tem de ser capaz de garantir condições de segurança para o pilar socioeconómico do país -- as empresas -- intervindo não só no sentido de resolver as grandes questões conjunturais, como também aproveitando para resolver problemas estruturais que há tantos anos afetam a nossa economia", defende.

Rafael Campos Pereira salienta ainda que a competitividade global do setor "passa também, obrigatoriamente, por uma nova e mais leve estrutura fiscal, que não só alivie a carga fiscal que incide sobre as empresas, como também que não seja responsável por tantos e tão necessários talentos abandonarem o país".

"A nossa indústria precisa e quer continuar a crescer, mas para isso precisa de pessoas. E, finalmente, temos de saber aproveitar o maior envelope financeiro de sempre que Portugal recebeu da Europa, para fazer escalar definitivamente a nossa indústria no campeonato da competitividade global", remata.

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