Mais de 160 marcas mundialmente conhecidas aderiram ao boicote global ao Facebook, suspendendo a atividade publicitária nas plataformas de Mark Zuckerberg para contestar, assim, o discurso de ódio nas redes sociais. Pressionada, a empresa já anunciou que vai rever políticas, proibir mensagens de ódio nos anúncios e sinalizar as publicações de políticos que violem as regras.
Stop Hate for Profit ("pare de dar lucro ao ódio", em português) é o nome da campanha de boicote mundial criada no início do mês de junho para pressionar o Facebook a adotar políticas mais rígidas relativamente ao discurso de ódio e à desinformação. E à qual já se juntaram mais de 160 marcas. Só na semana passada empresas como a Unilever, Coca-Cola, Honda Motor, Levis, Pepsi e Starbucks anunciaram que se iam juntar ao boicote e suspender toda a atividade publicitária no Facebook até ao final do mês de julho - algumas até ao final do ano.
O executivo-chefe da Coca-Cola, James Quincey, declarou que a marca vai ficar pelo menos 30 dias sem pagar anúncios no Facebook, no Instagram, no Twitter, no YouTube e no Snapchat. Num comunicado, o responsável pela marca mundialmente conhecida afirmou que "não há lugar para racismo no mundo, e não há lugar para racismo nas redes sociais".
"Aproveitaremos este tempo para reavaliar as nossas políticas e standards de publicidade para determinar se são necessárias revisões internas e o que devemos esperar mais dos nossos parceiros de redes sociais para livrar as plataformas de ódio, violência e conteúdo impróprio. Vamos deixar claro que esperamos deles uma maior responsabilização, ação e transparência", acrescentou Quincey.
Também a fabricante de automóveis e motas Honda Motor Company anunciou que vai participar na campanha e suspender a publicidade no Facebook e no Instagram durante todo o mês de julho, justficando no Twitter que tal ação está "alinhada aos valores da empresa, que são baseados no respeito humano".
Os organizadores deste boicote publicitário querem alargar a iniciativa a nível mundial, de forma a aumentar a pressão sobre a empresa.
"A próxima fronteira é a pressão global", disse à Reuters Jim Steyer da Common Sense, acrescentando que a organização espera encorajar com a campanha os reguladores da Europa a adotar uma postura mais rígida no Facebook.
Facebook com receitas em queda reage
We are united in the pursuit of equality and justice, and stand with the Black community in the face of systemic racism and discrimination. Honda values are grounded in human respect and we must take action. Read more: https://t.co/CjBVVcLX9n
— HondaInclusion (@HondaInclusion) June 4, 2020
Os organizadores deste boicote publicitário querem alargar a iniciativa a nível mundial, de forma a aumentar a pressão sobre a empresa.
"A próxima fronteira é a pressão global", disse à Reuters Jim Steyer da Common Sense, acrescentando que a organização espera encorajar com a campanha os reguladores da Europa a adotar uma postura mais rígida no Facebook.
Facebook com receitas em queda reage
Numa altura em que milhares de pessoas se voltam a manifestar por todo o mundo pelos direitos humanos e pelos direitos civis, pelo fim do racismo e apelando à igualdade entre todas as etnias, o Facebook é acusado de não fazer o suficiente para impedir a veículação do discurso de ódio nas publicações e comentários dos utilizadores.
De recordar que a publicidade representa 70 mil milhões de dólares (cerca de 62 mil milhões de euros) em receita para o Facebook anualmente, sendo que aproximadamente um quarto deste total chega de algumas das multinacionais que se juntaram ao boicote.
A verdade é que, em resultado do boicote, o preço das ações da empresa de Zuckerberg baixou 8,3 por cento na sexta-feira passada.
A empresa de Mark Zuckerberg já reagiu ao boicote e prometeu começar a remover anúncios que afirmem que pessoas de certas origens, etnias, nacionalidades, sexo ou orientação sexual representam uma ameaça à segurança ou saúde de outros.
Num video divulgado no Facebook, o dono das plataformas de media social reconheceu que ainda tem muito trabalho pela frente e que vai passar a colaborar com grupos de direitos civis e especialistas para desenvolver novas ferramentas de combate ao discurso de ódio.
A empresa garantiu também que o investimento realizado em inteligência artificial já permitiu encontrar 90 por cento do discurso de ódio antes de os utilizadores terem oportunidade de reportá-lo.
A empresa garantiu também que o investimento realizado em inteligência artificial já permitiu encontrar 90 por cento do discurso de ódio antes de os utilizadores terem oportunidade de reportá-lo.
O Facebook anunciou, entretanto, novas medidas no sentido de banir anúncios e identificar discurso de ódio por parte de políticos, como Donald Trump. Mas a lista de exigências dos parceiros publicitários pede mais: um processo de moderação distinto para utilizadores que são alvos com base na sua raça; mais transparência relativamente à forma como os incidentes de discurso de ódio são reportados; e um ponto final à receita gerada com base em conteúdos prejudiciais, entre outros.
A resposta de Zuckerberg pode não ser suficiente para pôr termo ao boicote, mas o certo é que a queda no preço das ações fez com que o Facebook perdesse 56 mil milhões de dolares no valor de mercado e também diminuiu o património líquido de Zuckerberg para 82,3 mil milhões de dóleres, de acordo a Bloomberg Billionaires Index.
O CEO do Facebook acabou por cair, assim, para o quarto lugar na posição dos mais ricos do mundo.
O CEO do Facebook acabou por cair, assim, para o quarto lugar na posição dos mais ricos do mundo.
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