Facebook apresenta lucros milionários envolta em escândalos de reputação

por Lusa

A Facebook apresentou hoje um lucro de 9,2 mil milhões de dólares (7,9 mil milhões de euros) no terceiro trimestre, mais 17% do que no mesmo período do ano passado.

Este anúncio é uma rara boa notícia para o grupo que está a viver um dos seus piores escândalos de reputação.

O conglomerado das redes sociais está a ser acusado por uma ex-dirigente, várias organizações não-governamentais e numerosas autoridades de privilegiar desde há anos os lucros em detrimento da segurança e da saúde dos utilizadores.

De julho a setembro, a Facebook teve um volume de negócios de 29 mil milhões de dólares, abaixo das expectativas dos analistas, que esperavam mais 500 milhões.

Não obstante, o título valorizava cerca de quatro por cento nas transações eletrónicas feitas depois do encerramento da sessão bolsista em Wall Street.

"Fizemos bons progressos este trimestre e a nossa comunidade continua a crescer", declarou Mark Zuckerberg, seu fundador, acionista e dirigente, citado no comunicado dos resultados, divulgado hoje.

As suas duas redes, com a Instagram, e os serviços de mensagens (WhatsApp e Messenger) são utilizadas diariamente por 2,8 mil milhões de pessoas, mais 11% do que há um ano, e 3,58 mil milhões pelo menos uma vez por mês, mais 12%.

Esta atratividade sossega os investidores bolsistas, uma vez que veem com atenção se as plataformas continuam a atrair pessoas, e, portanto, anunciantes.

A Facebook detém 23,7% do mercado publicitário digital mundial em 2021, segundo o gabinete eMarketer, logo a seguir à Google, que lidera com 28,6%.

Os analistas estão também a acompanhar o potencial impacto negativo da última atualização do sistema de exploração do iPhone, que dá mais controlo aos utilizadores sobre os seus dados confidenciais, o que complica a tarefa às redes sociais em termos de medida de eficácia.

A Snap, `holding` da Snapchat, apresentou resultados dececionantes na semana passada, por causa desta mudança, que fizeram cair a sua ação e arrastaram então também o papel da Facebook.

Mas, por enquanto, os lucros da Facebook têm o aspeto de serem "tão bons quanto esperado", reagiu Debra Aho Williamson, da eMarketer.

Porém, esta analista salientou que a Facebook está a enfrentar "um dilúvio de cobertura mediática negativa", a qual, contudo, ainda não teve consequências financeiras negativas.

Desde há mais de um mês que a comunicação social divulga artigos baseados nos designados "Papéis da Facebook" (`Facebook Papers`), milhares de documentos internos entregues ao regulador bolsista dos EUA (SEC, na sigla em inglês), por Frances Haugen, uma antiga engenheira do grupo californiano.

Em causa está o facto de este conglomerado das redes sociais conhecer os problemas -- como conteúdos tóxicos na Instagram para adolescentes, desinformação na Facebook que ataca a democracia, entre outros -, mas ter preferido ignorá-los, com a intenção de proteger os seus lucros.

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