Falta de acesso a financiamento paralisa projetos PRODER

Lisboa, 14 set (Lusa) -- A falta de acesso dos agricultores ao financiamento bancário pode pôr em causa os projetos do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural) já aprovados, alertou o presidente da Comissão Nacional de Jovens Agricultores (CNJ), Luís Saldanha.

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"Há situações dessas. Os projetos estão parados porque os agricultores não têm acesso ao crédito" disse à Lusa Luís Saldanha, adiantando que esta é uma das questões que vai ser apresentada na quarta-feira aos deputados da Comissão de Agricultura e Pescas.

O responsável da CNJ afirmou que o facto destes projetos terem fundos comprometidos dificulta a entrada de novas candidaturas, pois o dinheiro está destinado e não é atribuído a novos projetos.

Os agricultores que conseguem avançar com o financiamento também se confrontam com dificuldades devido aos atrasos do PRODER.

"Como o pagamento é efetuado contra reembolso, ou seja, primeiro paga-se e depois recebe-se, se tivermos em conta os atrasos de pagamento dá para verificar as dificuldades de tesouraria ou os encargos que se tem que suportar", explicou o dirigente associativo.

Após a assinatura do contrato, os promotores têm seis meses para apresentar o primeiro pedido de pagamento (para provar o início do projeto). Decorrido este período, deve estar concluído em 24 meses.

Luís Saldanha está também preocupado com o financiamento do PRODER, uma vez que são necessários 50 milhões de euros para garantir que Portugal não perde fundos comunitários e a própria ministra da Agricultura, Assunção Cristas, reconheceu que ainda falta angariar mais de 30 milhões de euros para assegurar a contrapartida nacional.

A CNJ discorda também do facto do prémio de instalação dos jovens agricultores estar dependente do investimento realizado.

"Antes, alguém que tivesse uma exploração familiar podia candidatar-se e recebia 40 mil euros. Atualmente, recebe zero", declarou.

As regras foram alteradas em junho e, na altura, o presidente da Associação de Jovens Agricultores de Portugal, Firmino Cordeiro, elogiou as alterações e sublinhou que eram necessárias porque se permitia instalar um jovem agricultor sem haver qualquer investimento.

"Isto não é estimular a agricultura, é oferecer 40 mil euros para se fazer o que se quiser", disse, na altura, Firmino Cordeiro à Agência Lusa.

Uma visão que não é partilhada por Luís Saldanha: a CNJ defende que o prémio deve ser convertido em capital social das empresas e que isso daria garantias de que o dinheiro estaria afeto aos projetos agrícolas.

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