FINCRESCE recorre à banca para financiar PME portuguesas

Os cinco maiores bancos portugueses vão assinar protocolos com o IAPMEI para melhorar as necessidades de financiamento das pequenas e médias empresas portuguesas, afirmou o presidente da instituição, Jaime Andrêz.

Agência LUSA /

"O programa FINCRESCE [hoje lançado, e que se enquadra no âmbito do Programa Quadro de Inovação Financeira para o Mercado das PME em Portugal (INOFIN)], visa estimular as PME avaliadas como líderes, a prosseguirem estratégias de crescimento e reforço da competitividade, através da melhoria das condições de financiamento", disse o presidente do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI).

O programa é dirigido ao conjunto de empresas que constituem o motor de desenvolvimento da economia portuguesa, a que o IAPMEI designou por "PME Líder".

O IAPMEI, em conjunto com a banca (CGD, Millennium bcp, BPI, BES, Santander Totta), já identificou 4.700 empresas portuguesas com potencial para poderem vir a aceder ao programa, que terá uma duração mínima de dois anos.

"Os elementos disponibilizados pelos cinco maiores grupos financeiros em Portugal permitiram referenciar este conjunto de empresas por apresentarem os melhores níveis de notação de risco", explicou o vice-presidente do IAPMEI.

No fundo, "é a capacidade de escrutínio dos bancos que vai permitir identificar as empresas mais dinâmicas e competitivas", salientou José Carlos Furtado.

"O modelo de financiamento da actividade económica assenta na intermediação bancária, que assim assegurará uma cobertura da actividade empresarial, além de permitir aprofundar as relações entre as empresas e os bancos, enquanto agentes de proximidade e de aconselhamento", adiantou.

Para este responsável, "os sistemas internos de classificação de risco geraram informação que carece de ser testada junto das empresas".

Assim, em simultâneo, este mecanismo "é pedagógico para as PME", pois permitir-lhes participar no seu reposicionamento junto das instituições de crédito, as quais têm uma rede 5.000 balcões distribuídos pelo país, frisou o gestor.

A identificação dos segmentos empresariais-alvo, o nível de referência mínima de notação de risco a ter em consideração pela banca é acordado com o IAPMEI, através da intervenção da SPGM - Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua.

A adesão ao programa far-se-á de forma contínua e sem fases de candidatura, podendo as empresas candidatar-se por convite directo das instituições financeiras parceiras do IAPMEI ou por via de candidaturas espontâneas.

O IAPMEI assegurará que o universo de "PME Líder" reflicta uma representatividade regional e sectorial.

O programa, que visa também promover a alteração no modelo de gestão do financiamento em resultado da entrada em vigor do Acordo de Basileia II, no início de 2007, tem como alvo preferencial as "PME Líder".

No entanto, dividindo-as em dois grupos: PME Excelência, que apresentam uma melhor notação de risco financeiro e melhores referências obtidas no exercício de "benchmarking" realizado com o apoio do IAPMEI - nas áreas da gestão, inovação e excelência e PME líder protocoladas, com possibilidade de evoluirem "rumo à excelência", através de um plano de acção formatado à medida das suas necessidades.

Para maximizar a aposta nas empresas o IAPMEI vai mobilizar os seus recursos directos, nomeadamente por via de um Programa Específico de Assistência Técnica, por meio da intervenção dos gabinetes de empresas, bem como das entidades participadas.

"Os processos de criação de plataformas FINCRESCE junto dos principais grupos financeiros foram já desencadeados", disse ainda José Furtado.

O programa vai recorrer também a uma rede de entidades externas com quem serão celebradas parcerias ou credenciação, desde instituições de crédito, sociedades financeiras entidades gestoras de mercados organizados, agências de notação de rating, agentes do Sistema Nacional de Inovação, associações de empresas e de classes profissionais, consultores a entidades promotoras de desenvolvimento regional.

O FINCRESCE dá particular enfoque à intervenção ao nível do reforço do potencial endógeno das empresas, comunicação com o mercado e a produção de serviços diferenciados.

Além disso, prevê a criação de uma bolsa de quadros e gestores, ou seja, o acesso a quadros e gestores com competências reconhecidas, para reforçar o Plano de Intervenção Rumo à Excelência (PRE).

Das 4.700 empresas já detectadas, mais de 55 por cento estão nos dois primeiros patamares e risco, 60 por cento apresentam um crescimento real do volume de negócios superior a 3 por cento e mais de 60 por cento geram lucros com uma taxa de crescimento superior à do Produto Interno Bruto (PIB) português.

Há ainda a referir que deste conjunto de empresas mais de 75 por cento remuneram os accionistas acima da taxa de inflação, enquanto três em cada quatro apresentam um nível de autonomia financeira superior a 30 por cento.


PUB