Um resumo do relatório anual do FMI sobre a Grécia surge hoje publicado no site do fundo. O directório executivo do FMI consideram, entretanto, "que a Grécia, tendo em conta as adaptações substanciais realizadas até agora, não necessita de mais nenhuma consolidação fiscal" e que "atingir elevados excedentes primários tem um preço para o crescimento". O excedente primário é o excedente das receitas sobre as despesas do Estado antes de serem pagos os juros da dívda.

Os membros do mesmo directório também consideram que a sustentabilidade a longo pazo continua a ser incerta e que é preciso partir de pressupostos realistas para que se concretizem os referidos excedentes primários e prognósticos de crescimento.

O programa de resgate da dívida grega chega ao fim em agosto, mas a percentagem muito elevada do PIB grego que a dívida representa (190 por cento) levou o Governo de Tsipras a prometer que até ao ano 2060 seriam atingidos excedentes primário.

O representante do FMI para a Grécia, Peter Dohlman, afirmou hoje que a sustentabilidade da dívida grega a médio prazo "melhorou significativamente", mas acrescentando que "as perspectivas a longo prazo permanecem incertas", principalmente por serem muito difíceis de compatibilizar os objectivos de poupança e de crescimento.

Por outras palavras, segundo Dohlman, o prognóstico é que a dívida greve sem novas moratórias se reduza até 2038 e volte a crescer ininterruptamente daí em diante.

O relatório critica os bancos gregos por não sanearem os créditos mal parados e o sistema fiscal por não cobrar as dívidas dos contribuintes. Por outro lado, põe em dúvida que o Governo grego siga os seus conselhos, por notar nele uma certa "saturação de reformas", principalmente com vista às eleições do próximo ano.