FMI corrige em baixa previsão de crescimento da economia mundial

por Carlos Santos Neves - RTP
“Desde o relatório de abril, os Estados Unidos aumentaram ainda mais as tarifas sobre importações chinesas e a China retaliou com um aumento de tarifas sobre um conjunto de importações norte-americanas” Reuters

“Subjugado”. É este o adjetivo empregue pelo Fundo Monetário Internacional na atualização do World Economic Outlook divulgada esta terça-feira. O crescimento da economia mundial deverá ser 3,2 por cento este ano e 3,5 em 2020, menos uma décima relativamente à estimativa avançada pela instituição em abril. Para a Zona Euro, mantém-se a expectativa de um crescimento de 1,3 por cento em 2019. Para o próximo ano, a estimativa é de 1,6 por cento.

No início de abril, o FMI havia já corrigido em baixa a previsão de crescimento da economia mundial em 2019, para 3,3 por cento, abaixo, em duas décimas, da previsão de janeiro. Para 2020 previa 3,6 por cento. Agora, espera para este ano uma progressão de 3,2 por cento e, para o próximo, de 3,5. Aquém dos 3,6 por cento de 2018.O FMI sustenta que “são vitais” políticas “multilaterais e nacionais” tendo em vista robustecer o crescimento mundial.

“O crescimento mundial”, lê-se na atualização do Economic Outlook, “continua subjugado”.

“Desde o relatório de abril, os Estados Unidos aumentaram ainda mais as tarifas sobre importações chinesas e a China retaliou com um aumento de tarifas sobre um conjunto de importações norte-americanas”, escrevem os relatores do Fundo.

“As cadeias de abastecimento de tecnologia à escala mundial foram ameaçadas pela perspetiva de sanções dos Estados Unidos, a incerteza ligada ao Brexit continuou e o aumento das tensões geopolíticas agitou os preços da energia”, prossegue o documento.

Na perspetiva do Fundo Monetário Internacional, a recuperação apontada para o próximo ano “é precária”, dependendo de “progressos no sentido de uma resolução de diferenças” em matéria de política comercial e da estabilização das chamadas economias emergentes.

Assim, o FMI prevê para o PIB das economias desenvolvidas uma expansão de 1,9 por cento em 2019, acima da previsão de abril em uma décima, e de 1,7 por cento em 2020, igual ao anterior relatório.

Para a Zona Euro, é conservada a previsão de crescimento de 1,3 por cento este ano. Já para 2020 o Fundo prevê uma progressão de 1,6 por cento, mais 0,1 pontos percentuais do que em abril.

O Produto Interno Bruto dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento deverá crescer 4,1 por cento este ano, menos três décimas face à previsão de abril, e 4,7 por cento, abaixo em uma décima da anterior estimativa.
Motores da Zona Euro e Reino Unido

Entre os riscos enumerados pelo Fundo estão “crescentes pressões desinflacionárias que aumentam as dificuldades do serviço da dívida, limitam o espaço da política monetária para conter a desaceleração económica e tornam os choques adversos mais persistentes do que o normal”.O FMI baixa a estimativa de crescimento para a África subsaariana: 3,4 por cento em 2019 e 3,6 em 2020, menos uma décima do que havia previsto em abril.


“As prioridades em todas as economias passam por aumentar a inclusão, fortalecer a resiliência e abordar as restrições ao crescimento do produto potencial”, prescreve o Fundo.

No que diz respeito à Zona Euro, o Fundo Monetário Internacional projeta um crescimento de 1,3 por cento este ano – igual à estimativa de abril - e de 1,6 em 2020, 0,1 pontos percentuais abaixo da anterior previsão.

Para a Alemanha, a previsão de 2019 é corrigida “ligeiramente em baixa”, ou seja, menos uma décima para 0,7 por cento. Isto por causa de “uma procura externa mais fraca do que o previso”, com impacto sobre o investimento. Para 2020 é esperado um crescimento de 1,7 por cento, mais 0,3 pontos do que o previsto em abril.

Para França mantêm-se as previsões de crescimento de 1,3 por cento em 2019 e de 1,4 por cento em 2020, na expectativa de que “as medidas orçamentais apoiem” o desempenho da economia.

Itália vê preservada a previsão do Fundo para este ano - um crescimento de 0,1 por cento este ano. Para 2020, a previsão de crescimento cai em uma décima para 0,8 por cento.

Espanha deverá crescer 2,3 por cento este ano, mais 0,2 pontos percentuais face à previsão de abril, e 1,9 em 2020, valor igual à anterior estimativa.

Olhando ao Reino Unido, onde se consuma por esta altura o adeus de Theresa May ao Número 10 de Downing Street e o advento de Boris Johnson ao cargo de primeiro-ministro, o Fundo Monetário Internacional avança agora com uma previsão de crescimento de 1,3 por cento em 2019, mais uma décima do que em abril, e inalterados 1,4 por cento em 2020.

Esta última estimativa, ressalva, todavia, o FMI, assenta na expectativa de um Brexit ordenado e de um subsequente processo de transição gradual. Por agora, “a forma como a saída do Reino Unido da União Europeia irá decorrer continua altamente incerta”.

c/ Lusa

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