Boris Johnson: "Vamos concretizar o Brexit"

por RTP
Toby Melville - Reuters

Boris Johnson é o novo líder do Partido Conservador, eleito com 66 por cento dos votos. A figura principal da campanha pelo Brexit de 2016 será o novo primeiro-ministro, sucedendo a Theresa May. No primeiro discurso após ter sido conhecida a vitória, Johnson prometeu "unir o país".

O resultado era esperado. Boris Johnson era o favorito e venceu agora as eleições para a liderança do Partido Conservador.

Com 92.153 votos, derrotou o adversário, o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, que apenas obteve 46,656 votos.

O controverso político que prometeu conseguir a saída do Reino Unido até ao final de outubro, com ou sem acordo, substituirá a primeira-ministra cessante, Theresa May.

No discurso de vitória, Boris Johnson começou por agradecer a Jeremy Hunt, designando-o de "adversário formidável". Acrescentou que o rival foi "uma fonte de excelentes ideias", algumas das quais pretende "roubar" no futuro.

O novo inquilino no número 10 de Downing Street agradeceu também a Theresa May pelos anos à frente do Governo. "Foi um privilégio servir no seu Governo e ver a paixão e determinação que trouxe para as muitas causas que são o seu legado, como o pagamento igual para homens e mulheres, o combate aos problemas de saúde mental e a discriminação racial no sistema de justiça criminal. Obrigada, Theresa", disse, sem fazer referência às divergências com a primeira-ministra, que o levaram a demitir-se do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros em 2018.

Admite que dentro e fora do Partido Conservador "algumas pessoas vão questionar a sensatez" da votação e que outras "vão questionar-se sobre o que fizeram". Porém, diz que "nenhuma pessoa ou partido tem o monopólio da sabedoria".

Perante as perspetivas de que enfrenta um trabalho difícil para desbloquear o impasse em que se encontra o Brexit, o novo líder dos Conservadores mostrou-se confiante.  Referiu que, na manhã desta terça-feira, o Financial Times, escreveu que nenhum líder tinha alguma vez enfrentado circunstâncias tão adversas.

"Mas vocês parecem assustados?", perguntou à audiência. "Eles não parecem e não se sentem assustados", acrescentou.
"Brexit, unir o país e derrotar Corbyn"

No curto discurso, referiu ainda as suas três prioridades – cumprir com o Brexit, unir o país e derrotar Jeremy Corbyn.

Referindo-se ao Brexit em particular, disse, num tom jocoso: "Meu, vamos dar energia a este país, vamos concretizar o Brexit a 31 de outubro e vamos aproveitar todas as oportunidades que esse provesso vai trazer, com um novo espírito de poder e querer".

E acrescentou: "Podemos fazê-lo e as pessoas deste país confiam em nós para fazê-lo. E nós sabemos que vamos conseguir".

Agradeceu ainda a "incrível honra" de ser eleito e prometeu “trabalhar incansavelmente” com uma equipa que formará nos próximos dias para "retribuir" a confiança dos eleitores”.

E concluiu: "Acabou a campanha e começa o trabalho".
O que se segue?
Boris Johnson será nomeado primeiro-ministro pela rainha Isabel II na quarta-feira, após o debate semanal na Câmara dos Comuns.

Donald Trump já reagiu à vitória de Johnson, a quem já havia declarado apoio. "Parabéns a Boris Johnson por tornar-se o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Ele será ótimo!".

Jeremy Corbyn, atual líder do Partido Trabalhista, também se pronunciou sobre a nova liderança dos tories.

"Boris Johnson ganhou o apoio de menos de 100 mil membros do Partido Conservador que não são representativos, prometendo cortes nos impostos para os mais ricos, apresentando-se como o amigo dos banqueiros, e promovendo um Brexit sem acordo, que seria prejudicial. Mas não ganhou o apoio do nosso país", escreveu no Twitter o líder do Labour.


A recém-eleita do Partido Liberal Democrata, Jo Swinson, afirmou que "o Reino Unido merece melhor do que Boris Johnson” e que “ a sua arrogância em relação ao Brexit só vai piorar a crise".


Também a líder do Partido Nacionalista Escocês e chefe do Governo escocês, Nicola Sturgeon, felicitou o vencedor e prometeu tentar trabalhar de forma que "respeite e proteja os objetivos e interesses da Escócia".



Jean-Claude Juncker, o ainda presidente da Comissão Europeia, felicitou também Johnson, dizendo sentir-se pronto para trabalharem "da melhor maneira".

"O presidente da Comissão Europeia [Jean-Claude Juncker] pediu-me que transmitisse as suas felicitações ao senhor Boris Johnson. O presidente quer trabalhar com o primeiro-ministro da melhor maneira possível", declarou a porta-voz da Comissão Europeia.

Numa conferência conjunta em Paris, a futura presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o Presidente francês Emmanuel Macron, felicitaram também Boris Johnson pela vitória.

Von der Leyen disse aguardar "uma boa relação de trabalho" com o novo primeiro-ministro. Macron admitiu esperar trabalhar "o mais cedo possível" com o novo líder.
Prevista onda de demissões
O novo primeiro-ministro herda uma crise política oriunda da saída do Reino Unido da União Europeia. Johnson terá de convencer Bruxelas a retomar as negociações para um acordo, ou arrisca-se a sair da União Europeia sem um entendimento.

O acordo proposto por Theresa May foi rejeitado três vezes pelo Parlamento desde o início do ano, o que motivou o seu pedido de demissão.

Por outro lado, prevê-se que a vitória de Johnson origine uma onda de demissões. Já esta semana, Alan Duncan, ministro de Estado britânico para a Europa e as Américas, apresentou a sua demissão.

Os ministros da Justiça e das Finanças, David Gauke e Philip Hammond, também prometeram apresentar a demissão caso Johnson vencesse. O ministro para o Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, também já anunciou que se demitiria em caso de vitória de Boris Johnson.
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