FMI prevê recessão na Guiné Equatorial até 2024 com crescimento de 1% em 2021

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a Guiné Equatorial continue em recessão económica até 2024, interrompida apenas por um crescimento de 1% em 2021, no contexto da ajuda financeira de 282,8 milhões de dólares hoje aprovada.

Lusa /

De acordo com os quadros de indicadores macroeconómicos que acompanham o anúncio da aprovação do Programa de Financiamento Ampliado, no valor de cerca de 250 milhões de euros, o FMI atualiza as previsões macroeconómicas, prevendo crescimentos negativos durante toda a duração do programa, com exceção do ano 2021, em que prevê um crescimento de 1% do PIB.

A Guiné Equatorial enfrenta crescimentos negativos desde pelo menos 2015, num contexto de descida do preço do petróleo há vários anos e de redução da produção de hidrocarbonetos no país, o que levou a recessões de 9,1% em 2015, de 8,8% em 2016, de 4,7% em 2017, de 5,7% em 2018 e de 5,9% previstos para este ano.

Nos próximos anos, a Guiné Equatorial deverá continuar a ver a sua economia encolher, 1,9% em 2020, 4,7% em 2022, e depois 1,2% e 1,4% em 2023 e 2024, já depois de terminado o programa do FMI.

A inflação, por seu turno, deverá manter-se sempre abaixo dos 2% até 2024, enquanto o saldo orçamental deverá entrar em território positivo já este ano.

As faturas atrasadas deverão ser saldadas na totalidade em 2021, no seguimento dos desembolsos semestrais do FMI, assumindo o cumprimento das metas.

Ao contrário de uma boa parte dos países africanos, a Guiné Equatorial não tem problemas de dívida pública, mantendo o rácio deste indicador face ao PIB sempre abaixo dos 17%, um nível considerado confortável tendo em conta a difícil situação económica do país.

O FMI aprovou hoje um pacote de ajuda financeira à Guiné Equatorial no valor de 282,8 milhões de dólares, até 2022, com uma forte componente de melhoria da governação e combate à corrupção.

"O programa apoiado pelo FMI tem como objetivo a manutenção da estabilidade macroeconómica e financeira, melhorar a proteção social, propulsionar a diversificação económica e fortalecer a governação e o combate à corrupção", lê-se na nota que confirma o programa de 282,8 milhões de dólares, cerca de 250 milhões de euros.

A aprovação pelo conselho de administração do FMI do Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility, no original em inglês) permite a entrega imediata de 40,4 milhões de dólares (36,3 milhões de euros), lê-se no comunicado, que dá ainda conta de que "o programa das autoridades baseia-se nos esforços do país, nos últimos anos, para reduzir os desequilíbrios macroeconómicos e lidar com os desafios em matéria de governação e corrupção que a Guiné Equatorial enfrenta".

O acordo agora confirmado pretende "apoiar o programa económico da autoridades, que visa reduzir ainda mais os desequilíbrios macroeconómicos e lidar com as vulnerabilidades do setor financeiro, melhorar a proteção social e o desenvolvimento do capital humano, promover a diversificação económica e impulsionar a boa governação, aumentar a transparência e combater a corrupção, tudo com o objetivo genérico de atingir um crescimento económico inclusivo e sustentável".

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