França estreia-se na emissão de dívida com juros negativos
Paris, 09 jul (Lusa) -- O Estado francês conseguiu hoje, pela primeira vez, ir ao mercado buscar financiamento a juros negativos, juntando-se assim ao pequeno grupo de economias da zona euro a que os investidores pagam para emprestarem dinheiro.
A França colocou no mercado 7.703 milhões de euros em títulos de dívida de curto prazo, com maturidade entre 13 e 50 semanas, anunciou a agência francesa de gestão de dívida pública.
Enquanto a Espanha teve hoje de aceitar, numa operação de financiamento a dez anos, juros acima de sete por cento (considerado o limiar de risco) para ir buscar financiamento, a França junta-se à Dinamarca, Alemanha e Holanda no grupo de países da zona euro que se constitui como um refúgio e consegue, assim, cobrar aos investidores para lhes vender títulos de dívida soberana.
Na linha de financiamento com maturidade a 13 semanas, a França encaixou 3.917 milhões de euros com juros negativos de 0,005 por cento, contra os 0,048 por cento de juros da colocação semelhante anterior.
No financiamento com maturidade a seis meses, os juros caíram também dos 0,096 por cento da operação de financiamento da passada semana para -0,006 por cento, enquanto na emissão de dívida a reembolsar em 50 semanas, os juros passaram de 0,163 por cento para os 0,013 por cento.
O presidente francês, Francois Hollande, tinha afirmado hoje, antes do leilão de dívida, que Paris quer reduzir as taxas de endividamento da economia de França.
"Não se trata de escolher um ataque de austeridade, mas sim escolher a soberania futura do nosso país", disse Hollande, numa conferência, na qual sublinhou que "os três grandes desafios" de França são o controlo das finanças públicas, o aumento da competitividade e o combate ao aumento do desemprego.
A Alemanha colocou também hoje no mercado 3,3 mil milhões de euros em títulos dívida pública com maturidade a seis meses, com uma taxa de juro negativa de 0,03 por cento, um mínimo histórico.