Função Pública. Governo propõe aumento de dez euros para salários mais baixos

por RTP
A Frente Comum exige um aumento mínimo de 90 euros para cada funcionário público Lusa

O Governo propôs esta quarta-feira elevar de sete para dez euros o aumento salarial dos funcionários públicos cuja remuneração atual está entre os 635 e os 683 euros mensais. A decisão resultou de uma reunião entre o Governo e os sindicatos da Função Pública, que demonstraram desagrado para com a proposta, considerando a mesma insuficiente.

“A resposta do Governo foi manter em 0,3 por cento a atualização salarial para os funcionários públicos e aumentar de sete para dez euros a atualização para os níveis 4 e 5 da Tabela Remuneratória Única”, referiu Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum, no final da reunião.

“O Governo não mostrou abertura (…) nem a férias, nem a subsídio de refeição (…), e esta é a última reunião, por isso é um processo que fecha aqui”, acrescentou a sindicalista.

Para Ana Avoila, “a ilegalidade” levada a cabo pelo Governo continua. “O primeiro nível é que tem de ter um aumento” e não o quarto e quinto escalões, de modo a “fazer a proporcionalidade da Tabela Remuneratória Única, porque é a que existe, não existe outra e não só no ano passado já estava ilegal, como continua ilegal”, considerou. Os sindicatos afirmam que a inflexibilidade do Governo “não deixam alternativa aos trabalhadores”, pelo que se podem esperar novas formas de luta.

“Estamos a falar de uma análise salarial que descongelou este ano e que começou da pior maneira”, sublinhou Avoila. “Vai criar ainda mais divisão entre os trabalhadores (…), porque trabalhadores que entram agora ficam a ganhar o mesmo que aqueles que estão lá há 10, 20 e 30 anos”.

“É aproximar os trabalhadores de uma renumeração fixa em que deixa de haver progressão, promoção, carreiras, deixa de haver tudo”, argumentou a dirigente sindical.

Para Ana Avoila, “a resposta é luta”. “Isto está do lado do Governo, o Governo não quer. Os trabalhadores têm as suas armas: a mobilização, a luta, o dar sequência à grande manifestação de dia 31”.

A “ação de luta” deverá ser aprovada já no dia 28 de fevereiro, durante um plenário de dirigentes e delegados sindicais. A forma de luta mais provável será uma nova greve que “não será inferior” à ação realizada no fim de janeiro.
Pedro Valador - RTP

Além de um aumento mínimo de 90 euros para cada funcionário público e da atualização do subsídio de refeição, a Frente Comum exige a reposição dos 25 dias úteis de férias, retirados durante o período da troika e, entre outras medidas, a manutenção da proporcionalidade dos níveis salariais da TRU.

A reunião desta quarta-feira serviu para negociar pela terceira vez os aumentos salariais na Função Pública, depois de o Governo ter avaliado as contrapropostas apresentadas na segunda-feira pelos sindicatos.
Greve geral em cima da mesa
Helena Rodrigues, dirigente da Frente Sindical, disse ter ficado surpreendida com a proposta do Governo. “O Governo mantém a sua posição inicial, valorizando apenas aquelas quarta e quinta posições dos assistentes operacionais e assistentes técnicos. Para os outros trabalhadores não temos mais nada”, sustentou.

“Esta questão das baixas renumerações é uma questão de todos os trabalhadores portugueses”, pelo que a sindicalista considera essencial pensar que “a resposta que temos de dar é uma resposta conjunta, não pode ser só uma resposta dos trabalhadores da Administração Pública”.

A Frente Sindical pede, por essa razão, uma “grande manifestação de todos os trabalhadores” e não descarta a possibilidade de uma greve geral.

“O Governo diz que está a fazer um grande esforço para repor direitos” que “nunca deviam ter sido retirados”, mas na realidade “não houve processo negocial”, de acordo com Helena Rodrigues.

Na contraproposta que trouxe para a reunião de 17 de fevereiro, a Frente Sindical liderada pelo STE defende uma atualização das remunerações e da Tabela Remuneratória Única em 2%, a atualização do subsídio de refeição para 10 euros e a reposição de três dias úteis de férias.
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