Futura presidência angolana vai dar impulso ao pilar económico da CPLP, diz secretário-executivo

por Lusa

O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse à Lusa, que a futura presidência angolana, em funções a partir de julho, pretende dar "um impulso" à consolidação de um novo pilar da organização, o económico.

Se a presidência cabo-verdiana da CPLP - que é rotativa -, atualmente em funções, esteve centrada na facilitação da mobilidade dos cidadãos lusófonos, a angolana deverá estar focada no pilar económico da organização, considerou o diplomata Francisco Ribeiro Telles, que assumiu o cargo faz precisamente hoje um ano, apesar de ter tomado posse a 15 de dezembro de 2018.

Em entrevista à Lusa, após o primeiro ano de mandato, o diplomata começou por lembrar que Angola ainda não apresentou o seu programa, mas considerou que, das conversas que tem mantido com os responsáveis do país, a presidência angolana pretende dar "um impulso" à parte económica da CPLP.

"Das conversas que temos tido e dos contactos que temos mantido, eu penso que Angola vai pretender dar um impulso à dimensão económica da CPLP", afirmou.

Explicando que a organização hoje tem três pilares - o da promoção e difusão da língua portuguesa, o da concertação política e diplomática e o da cooperação -, Ribeiro Telles adiantou que, desta forma, "poderá estar a nascer um quarto pilar da CPLP, o da dimensão económica e empresarial da comunidade".

E acrescentou que "há cada vez mais países interessados em desenvolver esse pilar".

O próprio secretário-executivo confessa que gostava de ver no futuro, ainda se possível durante o seu mandato, "uma certa consolidação desse pilar económico e empresarial".

Além disso, "gostaria de ver" a cimeira de chefes de Estado e de Governo dos nove Estados-membros da organização, que ocorre de dois em dois anos, ser precedida, na véspera, de um "grande fórum económico sobre a economia dos países da CPLP"

A ideia, explicou, "era que, depois, esse fórum pudesse constituir como que um Davos africano".

"Seria muito interessante que a CPLP pudesse potenciar isso", sublinhou.

A Confederação Empresarial da CPLP defendeu, bem recentemente, na sua conferência anual, no Porto, que as suas conferências passassem a ser bianuais e decorressem à margem das cimeiras de chefes de Estado e de Governo da organização.

Segundo o secretário-executivo da CPLP, o novo pilar vai começar a ser debatido pelos Estados-membros já no início deste ano.

"Há uma reunião ministerial, já convocada pela presidência cabo-verdiana, ao nível de ministros da Economia, do Comércio e das Finanças, precedida de uma reunião das agências de investimento. Portanto acho que é um caminho que se está a abrir", afirmou.

Além deste objetivo, Ribeiro Telles traçou como outras grandes metas até ao final do mandato, no fim deste ano, a mobilidade e a participação mais ativa dos países observadores na organização, também a nível financeiro.

Sobre a mobilidade, disse: "Espero que veja a luz do dia, que haja avanços concretos na mobilidade, porque acho que seria um avanço histórico na própria CPLP", concluiu.

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