Gás natural do Greater Sunrise deve ser processado em Timor-Leste

O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, insistiu hoje que o gás natural do Greater Sunrise deve ser processado em Timor-Leste e que aquele projeto é essencial para o desenvolvimento do país.

Lusa /

"A posição do Governo sobre o Greater Sunrise sempre foi clara. O gás natural do Greater Sunrise deve ser processado em terra, em Timor-Leste", afirmou Xanana Gusmão, num discurso proferido na sessão de abertura do V Fórum de Energia, Mineração e Negócios de Timor-Leste.

O fórum, que vai decorrer até quarta-feira, junta parceiros internacionais, investidores e empresas de cerca de 70 países e visa apresentar as oportunidades de desenvolvimento nos setores de energia e mineração.

Segundo o primeiro-ministro timorense, aquele projeto é "essencial para o desenvolvimento nacional", porque vai proporcionar novas oportunidades para os jovens timorenses adquirirem competências e participarem em indústrias emergentes.

"Garantirá que evitemos a chamada `maldição dos recursos`, o processamento em terra vai assegurar que o valor gerado pelo Greater Sunrise permanece em Timor-Leste e apoia a construção da Nação", afirmou o líder do Governo timorense.

O projeto vai também reforçar a segurança energética de Timor-Leste e criar milhares de empregos, salientou Xanana Gusmão.

O primeiro-ministro disse também que a posição de Timor-Leste é baseada em "avaliações especializadas" que "confirmaram que um gasoduto de águas profundas desde o campo até à costa sul é viável e consistente com os padrões internacionais de engenharia".

"Mantemos o nosso compromisso de avançar com o Greater Sunrise de maneira comercialmente sólida, tecnicamente robusta e alinhada com os interesses do nosso povo", afirmou.

Na intervenção, Xanana Gusmão destacou também as "novas oportunidades" no setor mineiro e dos minerais críticos, incluindo ouro, cobre, magnésio e outros recursos.

"O desenvolvimento dos nossos recursos minerais em terra apoiará a diversificação económica, fortalecerá competências técnicas e criará empregos, especialmente nas comunidades rurais", disse.

O Governo de Timor-Leste autorizou sábado a assinatura de um acordo de cooperação com a australiana Woodside Energy para estudos para processar e exportar gás do Greater Sunrise para o país.

Segundo o Governo timorense, o acordo "representa um importante passo para a avaliação técnica, comercial e regulatória conjunta de uma futura unidade de LNG em território timorense".

"As negociações conduzidas pelo Ministério do Petróleo e Recursos Minerais com a Woodside Energy, titular de direitos sobre o campo do Greater Sunrise, criaram as condições necessárias para formalizar esta cooperação, que permitirá aprofundar os estudos essenciais ao desenvolvimento do projeto", salienta o comunicado.

A Austrália e Timor-Leste realizaram, em outubro, negociações bilaterais para desenvolver o projeto Greater Sunrise, incluindo mecanismo de governação e os regimes fiscais do projeto.

Localizado a 150 quilómetros de Timor-Leste e a 450 quilómetros de Darwin, o projeto Greater Sunrise tem estado envolto num impasse, com Díli a defender a construção de um gasoduto para o sul do país e a Woodside, segunda maior parceira do consórcio, a inclinar-se para uma ligação à unidade já existente em Darwin.

O consórcio é constituído pela timorense Timor Gap (56,56%), a operadora Woodside Energy (33,44%) e a Osaca Gás (10,00%).

O impasse levou a `joint venture` a solicitar um estudo conceptual elaborado pela empresa britânica Wood, que confirmou a viabilidade do desenvolvimento do Greater Sunrise em Timor-Leste.

"A opção Gás Natural Liquefeito de Timor-Leste [TLNG, sigla em inglês] destaca-se por prever menores custos operacionais e, ao permitir melhores retornos gerais diretos e indiretos para Timor-Leste, criará um grande impacto socioeconómico no país", refere o Governo timorense.

O acordo de fronteira marítima permanente entre Timor-Leste e a Austrália determina que o Greater Sunrise, um recurso partilhado, terá de ser dividido, com 70% das receitas para Timor-Leste no caso de um gasoduto para o país, ou 80% se o processamento for em Darwin.

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