Governo angolano lança concessão do Caminho de Ferro de Moçâmedes nos próximos 60 dias
O Governo angolano vai lançar "nos próximos 60 dias" um concurso público internacional para a concessão do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, também conhecido como Corredor Sul, anunciou no Bié, o secretário de Estado para os Transportes Terrestres.
Jorge Bengue, que integrou a comitiva de embaixadores da União Europeia que realizam uma visita às províncias do Huambo e Bié, sublinhou que a experiência adquirida com o Corredor do Lobito permitiu acelerar os preparativos para a próxima etapa: "Levámos cerca de três anos a preparar a concessão do Corredor do Lobito. Foi uma aprendizagem. Agora estamos prestes a lançar o concurso do Corredor Sul".
A visita, que decorre no âmbito do acompanhamento dos projetos financiados e cofinanciados pela União Europeia (UE) no Corredor do Lobito, teve como objetivo observar no terreno as iniciativas europeias.
A comitiva, liderada pela delegação da UE em Angola, integra nove dos 10 diplomatas e seus representantes acreditados em Angola, bem como outras entidades relacionadas com a infraestrutura, câmaras de comércio e responsáveis do governo central e local.
A concessão do Corredor do Moçâmedes inclui não só a gestão e operação da linha férrea que liga o interior da província da Huíla ao porto do Namibe, como também a sua interligação futura com a Namíbia e a requalificação do porto do Namibe, transformando-o numa plataforma logística regional.
"O operador que vier a ganhar o concurso terá como uma das opções a interligação de Angola com a Namíbia", destacou o governante.
A ligação ferroviária do Corredor do Lobito à Zâmbia está igualmente a avançar, com estudos já concluídos e a fase de estruturação financeira em curso, adiantou.
A estratégia insere-se no Programa de Desenvolvimento do Setor Ferroviário 2023--2028, que prevê um investimento total de 12,2 mil milhões de dólares (cerca de 10,34 mil milhões de euros), com financiamento repartido entre fundos públicos e privados.
A proposta de concessão do Corredor do Moçâmedes surge num momento em que Angola quer valorizar os seus eixos logísticos e de transporte, pretendendo que o Corredor Sul sirva como motor de desenvolvimento industrial e mineiro.
O plano inclui seis concessões ferroviárias nas três grandes linhas existentes: Caminho de Ferro de Benguela (CFB), integrado no Corredor do Lobito e concessionado à Lobito Atlantic Railway, Caminho de Ferro de Moçâmedes (CFM) e Caminho de Ferro de Luanda (CFL).
Segundo Jorge Bengue, o Corredor do Moçâmedes tem "características diferentes" do Lobito.
Enquanto este serve atualmente para o transporte de carga regional, sobretudo minerais do Congo, o Corredor Sul está mais vocacionado para a circulação de carga resultante da produção nacional, em particular da atividade mineira em larga escala. "Estamos a requalificar e ampliar o porto do Namibe para complementar as duas infraestruturas e termos então aquilo que nós queremos, que é um desempenho eficiente do corredor em si e começarmos a dar os passos para a interligação com a Namíbia", explicou.