O secretário de Estado da Economia garantiu hoje que o Governo está "muito preocupado" com a sobrevivência do canal Horeca, lembrando que as quebras da atividade, decorrentes da pandemia, "são tão fortes", que os apoios acabam por ser limitados.
Governo diz estar "muito preocupado" com sobrevivência do canal Horeca
"Estamos muito preocupados com a sobrevivência do canal Horeca [hotéis, restaurantes e cafés]. As quebras de atividade são tão fortes que os apoios do Estado são sempre limitados e nós temos consciência disso", afirmou João Neves, num `webinar` sobre o impacto da pandemia no setor das bebidas espirituosas, organizado pela ANEBE e pela EY.
O governante lembrou que estas ajudas foram orientadas para "apoiar os custos fixos" das empresas e não tanto para cobrir as quebras, o que defendeu ser "impossível de concretizar".
Assim, conforme apontou, o objetivo foi "tentar garantir o mínimo de condições de sobrevivência".
Referindo-se ao setor das bebidas espirituosas, João Neves disse que este tem "muita concorrência" e que é preciso "preservar os valores mais estabelecidos" e esperar que o aumento da procura, face ao desconfinamento, possa "acrescentar novos protagonistas e dar resposta aos desafios".
De acordo com os dados avançados pela análise da consultora EY, o volume de vendas do setor de bebidas espirituosas no canal Horeca (`on-trade`), caiu 35% no final de agosto de 2020, estimando-se uma redução de perto de 70% até ao final do ano em causa.
Perante a pandemia de covid-19, verificou-se, no entanto, a canalização do consumo para o canal `off-trade` (estratégia de comércio digital), com um aumento de 6% das vendas a 31 de agosto de 2020, face ao mesmo período do ano anterior, estimando a consultora uma progressão de 8% para o acumulado do ano.
No total, registou-se uma quebra de 14 pontos percentuais (pp.) nas vendas dos dois canais a 31 de agosto do ano passado.
Já a receita do imposto sobre o álcool e as bebidas alcoólicas (IABA) cresceu 1% em janeiro e 11% em fevereiro, em comparação com o período homólogo.
Porém, esta receita iniciou uma trajetória descendente desde março, destacando-se uma quebra de 61% em abril, equivalente a uma perda de 5,6 milhões de euros.
Esta tendência inverteu-se em maio de 2020, com uma "ligeira subida da receita (1,15 milhões de euros)".
No encerramento da sessão, o secretário-geral da Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE), João Vargas, destacou a "resiliência do setor" e a capacidade de as empresas evoluírem para outros canais de vendas.
"Os nossos associados e empresas tiveram que ir buscar novos consumidores, mercados e investir em mais `marketing`. Na parte da comercialização, alguns dos nossos micro e pequenos produtores tiveram de se iniciar no `e-commerce`", lembrou este responsável, sublinhando que, "desta avalanche negativa, também podemos tirar uma ou duas questões positivas".