Governo francês vai aumentar idade da reforma
O governo francês vai aumentar a idade mínima de reforma dos actuais 60 para os 62 anos. A medida, apresentada como a reforma-chave dos últimos anos de mandato do presidente Nicholas Sarkozi, foi anunciada hoje de manhã pelo ministro francês do trabalho Eric Woerth. Em 1983 François Miterrand tinha estabelecido a idade de reforma dos franceses aos 60 anos e desde então, nenhum presidente se tinha atrevido a mexer no sistema.
Esta não é a única novidade anunciada pelo ministro do trabalho. Eric Woerth anunciou também será aumentado o período de quotização que dá direito a uma reforma plena. Até agora era de 41 anos, mas o Governo de Sarkozi decidiu aumentá-lo em mais três meses em 2013 e em outros cinco meses mais, entre 2013 e 2018.
Governo justifica as mudanças "Salvar o nosso sistema de pensões é um imperativo", afirmou Eric Woerth, "trabalhar mais tempo é inevitável, não existe magia", disse. "Todos os nossos parceiros europeus já o fizeram. Não é possível ficar para trás nesse movimento", acrescentou o ministro francês do trabalho. "O nosso objectivo é o equilíbrio, ter um défice zero em 2018", concluiu.
Segundo o Conselho de Orientação das Reformas (COR), o défice do sistema de pensões de reforma em França triplicou nos últimos dois anos. Este organismo independente afirma que o défice é actualmente de 32 mil milhões de euros, arriscando-se a atingir os 44 mil milhões de euros em 2020, se nada for feito entretanto.
A vantagem de se poder reformar aos 60 anos, mesmo com uma pensão incompleta, era considerada em França como um dos emblemas das políticas sociais da esquerda.
A oposição e os sindicatos queriam que a defesa deste privilégio fosse um limite intransponível, embora se dissessem dispostos a negociar outros aspectos, na condição de que fossem também taxados os rendimentos mais altos, em particular os do mundo da finanças.
No entanto o Governo de Sarkozi beneficia, aparentemente, de pouca oposição por parte da opinião pública, com a maior parte dos franceses resignada a aceitar um prolongamento dos anos de trabalho, que os especialistas têm vindo a descrever como indispensável, devido ao alargamento da expectativa média de vida dos cidadãos.