Economia
Governo pede desculpa por "embaraço nas fronteiras". ANA quer "encurtar onde der" para acelerar Alcochete
Em resposta às críticas da ANA, o Governo admite que a situação das fronteiras nos aeroportos "é um embaraço" e pede desculpa, prometendo soluções até ao próximo verão. Já sobre o novo aeroporto, Executivo e concessionária dançam na mesma sala, mas não no mesmo compasso: não há consenso quanto a prazos. A ANA quer "encurtar onde der" para inaugurar Alcochete até 2035.
É a pergunta de muitos milhares de milhões de euros e quem tem que pagar a obra não se compromete. O Aeroporto de Alcochete poderá estar pronto em 2035? "Vamos ver o que conseguimos fazer antes, o prazo que está na nossa proposta é 2037", brinca o presidente da ANA Aeroportos, José Luís Arnaut, que diz que a data que consta da proposta é "uma válvula de segurança", mas quanto mais cedo melhor.
A resposta suscitou gargalhadas bem longe dos terrenos de Benavente, onde se pretende erguer o novo aeroporto.
Em Macau, no 50.º congresso da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo, mais de mil participantes escutavam atentamente o presidente da concessionária que gere os aeroportos nacionais e com bom motivo: quase todos lidam com turistas ou empresas do setor e conhecem bem as dores de cabeça e as reclamações de quem visita Portugal. A solução é consensual e quanto a isso ninguém levanta questões: é preciso um aeroporto com capacidade adequada. Já as restantes variáveis — onde, quando, e quanto — não são premissas assentes."Se não fossem os estudos ambientais, a obra começava daqui a 18 meses"
Arnaut diz logo que os prazos "são o que são" e rejeita comparações com outros países onde infraestruturas destas não demoram tanto tempo. É dado o exemplo da Turquia, onde um novo aeroporto foi erguido em 5 anos. Ou da Índia, onde se estão a construir mais de 100 aeroportos. "São realidades diferentes", explica, onde "não há leis ambientes, nem APA".
O Governo e a ANA estão na dança longa da candidatura. Os franceses da VINCI entregam em janeiro o Estudo de Impacto Ambiental e, a partir daí, poucas certezas, mas o presidente da ANA diz que não depende dele.
A empresa de engenharia está escolhida, mas não revelada, e os engenheiros portugueses estão contratados. "Se não fossem os estudos ambientes, a obra começava daqui a 18 meses" e estaria pronta em 2030, aponta Arnaut, a confirmar um prazo já apontado antes pela Comissão Técnica Independente (CTI). "Dita independente", ironiza o responsável, que não esconde não concordar com a opção de Alcochete, decidida pela CTI.
Montijo já tinha sido referido em Macau esta semana — e também o nome do Pedro Nuno Santos. Líderes do sector do turismo lamentam que a "determinação e vontade" do ex-ministro das Infraestruturas não tenha sido cumprida, quando assinou um (polémico) despacho a decidir que seria lá o novo aeroporto.
Sobre isso, o governo diz que "tem que se acabar com a falácia do Montijo". No mesmo palco, o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, explica que seria "um erro sobre outro erro".
"O atual aeroporto é um erro. Cada aeronave atravessa 400 mil habitantes. No Montijo teríamos cada aeronave a atravessar 200 mil habitantes", sublinha. O responsável político diz que os prazos são irrealistas e que o Montijo também demoraria até 7 anos. "Quando estamos a decidir, estamos a decidir para 50 anos".Portela sem capacidade e "o embaraço" do Governo
"Se a história tivesse sido outra, o aeroporto do Montijo estaria a funcionar", acredita Arnaut. "Houve as vicissitudes que houve, o que nos está a prejudicar fortemente", numa altura em que os constrangimentos da capacidade da Portela são muito evidentes.
O responsável da ANA diz que há vários problemas identificados mas que nenhum deles depende da concessionária, mas sim do Governo: "o problema seríssimo das fronteiras não depende de nós", atira.
E o primeiro problema começou com a extinção do SEF, que a ANA diz ter sido "precipitada e não planeada". "Criou-se um vazio entre duas polícias. Ser polícia de fronteira não é uma coisa que se vá buscar amanhã. Têm que falar línguas, passar um exame complicado do Frontex e isso gera um problema de recursos humanos", que se estende aos funcionários alfandegários.
"Não posso pôr seguranças privados" na alfândega ou nas fronteiras, lembra Arnaut. São "questões de soberania que nos prejudicam e prejudicam a imagem do país". Das atuais 16 'boxes' de controlo de passaportes, "estão umas duas ou três abertas". O resultado é evidente: filas de mais de hora e meia para entrar no país. Já o novo sistema de controlo eletrónico está instalado, mas ainda desligado. "Não venham dizer que é [problema] do novo sistema", responde. "É usado em toda a União Europeia e só em Portugal é que dá problemas?"
O secretário de Estado das Infraestruturas admite que "a situação das fronteiras é um embaraço para o governo".
"É um embaraço e única coisa que se podia fazer era pedir desculpa", diz. "Há cinco ministros diretamente envolvidos" para tentar melhorar a resposta antes do próximo verão, lembra o governante, que reconhece "a falta de agentes da PSP e problemas nos e-gates".
Já as restantes intervenções na Portela dependem da ANA, nomeadamente as obras de expansão. A modernização do Terminal 2 estará concluída em janeiro, garante o presidente da concessionária, e em Figo Maduro tudo avança para garantir 11 novas mangas em funcionamento até ao segundo semestre de 2027.
Mas para isso é preciso que os militares saiam do aeroporto, e que seja ajustado o número de movimentos por hora, duas questões que Arnaut também atira para o colo do Governo.
A resposta suscitou gargalhadas bem longe dos terrenos de Benavente, onde se pretende erguer o novo aeroporto.
Em Macau, no 50.º congresso da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo, mais de mil participantes escutavam atentamente o presidente da concessionária que gere os aeroportos nacionais e com bom motivo: quase todos lidam com turistas ou empresas do setor e conhecem bem as dores de cabeça e as reclamações de quem visita Portugal. A solução é consensual e quanto a isso ninguém levanta questões: é preciso um aeroporto com capacidade adequada. Já as restantes variáveis — onde, quando, e quanto — não são premissas assentes."Se não fossem os estudos ambientais, a obra começava daqui a 18 meses"
Arnaut diz logo que os prazos "são o que são" e rejeita comparações com outros países onde infraestruturas destas não demoram tanto tempo. É dado o exemplo da Turquia, onde um novo aeroporto foi erguido em 5 anos. Ou da Índia, onde se estão a construir mais de 100 aeroportos. "São realidades diferentes", explica, onde "não há leis ambientes, nem APA".
O Governo e a ANA estão na dança longa da candidatura. Os franceses da VINCI entregam em janeiro o Estudo de Impacto Ambiental e, a partir daí, poucas certezas, mas o presidente da ANA diz que não depende dele.
A empresa de engenharia está escolhida, mas não revelada, e os engenheiros portugueses estão contratados. "Se não fossem os estudos ambientes, a obra começava daqui a 18 meses" e estaria pronta em 2030, aponta Arnaut, a confirmar um prazo já apontado antes pela Comissão Técnica Independente (CTI). "Dita independente", ironiza o responsável, que não esconde não concordar com a opção de Alcochete, decidida pela CTI.
Montijo já tinha sido referido em Macau esta semana — e também o nome do Pedro Nuno Santos. Líderes do sector do turismo lamentam que a "determinação e vontade" do ex-ministro das Infraestruturas não tenha sido cumprida, quando assinou um (polémico) despacho a decidir que seria lá o novo aeroporto.
Sobre isso, o governo diz que "tem que se acabar com a falácia do Montijo". No mesmo palco, o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, explica que seria "um erro sobre outro erro".
"O atual aeroporto é um erro. Cada aeronave atravessa 400 mil habitantes. No Montijo teríamos cada aeronave a atravessar 200 mil habitantes", sublinha. O responsável político diz que os prazos são irrealistas e que o Montijo também demoraria até 7 anos. "Quando estamos a decidir, estamos a decidir para 50 anos".Portela sem capacidade e "o embaraço" do Governo
"Se a história tivesse sido outra, o aeroporto do Montijo estaria a funcionar", acredita Arnaut. "Houve as vicissitudes que houve, o que nos está a prejudicar fortemente", numa altura em que os constrangimentos da capacidade da Portela são muito evidentes.
O responsável da ANA diz que há vários problemas identificados mas que nenhum deles depende da concessionária, mas sim do Governo: "o problema seríssimo das fronteiras não depende de nós", atira.
E o primeiro problema começou com a extinção do SEF, que a ANA diz ter sido "precipitada e não planeada". "Criou-se um vazio entre duas polícias. Ser polícia de fronteira não é uma coisa que se vá buscar amanhã. Têm que falar línguas, passar um exame complicado do Frontex e isso gera um problema de recursos humanos", que se estende aos funcionários alfandegários.
"Não posso pôr seguranças privados" na alfândega ou nas fronteiras, lembra Arnaut. São "questões de soberania que nos prejudicam e prejudicam a imagem do país". Das atuais 16 'boxes' de controlo de passaportes, "estão umas duas ou três abertas". O resultado é evidente: filas de mais de hora e meia para entrar no país. Já o novo sistema de controlo eletrónico está instalado, mas ainda desligado. "Não venham dizer que é [problema] do novo sistema", responde. "É usado em toda a União Europeia e só em Portugal é que dá problemas?"
O secretário de Estado das Infraestruturas admite que "a situação das fronteiras é um embaraço para o governo".
"É um embaraço e única coisa que se podia fazer era pedir desculpa", diz. "Há cinco ministros diretamente envolvidos" para tentar melhorar a resposta antes do próximo verão, lembra o governante, que reconhece "a falta de agentes da PSP e problemas nos e-gates".
Já as restantes intervenções na Portela dependem da ANA, nomeadamente as obras de expansão. A modernização do Terminal 2 estará concluída em janeiro, garante o presidente da concessionária, e em Figo Maduro tudo avança para garantir 11 novas mangas em funcionamento até ao segundo semestre de 2027.
Mas para isso é preciso que os militares saiam do aeroporto, e que seja ajustado o número de movimentos por hora, duas questões que Arnaut também atira para o colo do Governo.