Grandes bancos multados por especulação cambial

por RTP
A City londrina, abalada pelo escândalo da manipulação das taxas de câmbio Suzanne Plunkett, Reuters

Seis grandes bancos dos EUA, Reino Unido e Suíça foram condenados a pagar multas milionárias por manipulação das taxas de câmbio. E, no Banco de Inglaterra, já rolou uma cabeça, responsável pelo silenciamento do escândalo.

O Banco de Inglaterra anunciou hoje, segundo a agência Bloomberg, a demissão do chefe do seu departamento de operações cambiais, Martin Malett, por não ter alertado os seus superiores de que os traders estavam a partilhar entre eles informação sobre pedidos dos clientes.

Segundo o relatório que esteve na base da demissão, Mallett, funcionário do Banco há mais de 30 anos, dera sinais de "desconforto" perante essas práticas condenáveis, mas não tomara qualquer medida para impedi-las.

O governador do Banco de Inglaterra afirmou-se "decepcionado", porque a investigação conducente ao relatório "descobriu que o chefe do nosso departamento de operações cambiais estava ao corrente das circunstâncias no mercado que poderiam facilitar ou conduzir a um comportamento impróprio por parte dos operadores do mercado".

O relatório, da autoria de Lord Anthony Grabiner, admite contudo  que Mallett “não agia de má fé” e que não estava "envolvido em qualquer comportamento ilegal ou impróprio".

O caso das manipulações das taxas de câmbio consiste na verificação, ao longo de cinco anos, até Outubro de 2013, de uma gestão de risco inadequeada e de insuficiente controlo da mesma por parte dos bancos. Além disso, os bancos terão trocado entre eles informações dos clientes e terão cartelizado os preços em prejuízo dos próprios clientes e dos participantes do mercado.

O diário britânico The Telegraph refere que o montante excepcionalmente elevado das multas aplicadas a vários bancos procura desencorajar, exemplarmente, a repetição de práticas manipulatórias. As multas aplicadas a bancos suíços, britânicos e norte-americanos totalizam o equivalente a 2.700 milhões de libras.

Os bancos são o Royal Bank of Scotland, o HSBC, o JPMorgan, a UBS, o Citibank e o Bank of America Merrill Lynch. O Barclays está ainda a discutir com o regulador quanto terá de pagar pelas mesmas infracções, mas estima-se que a sua parte, uma vez adicionada, faça subir o total para 3.000 milhões.

Segundo o mesmo diário, "grupos de traders que se referiam uma aos outros como 'a equipa A' e 'os três mosqueteiros' com frequência fizeram lucros de centenas de milhares de libras numa só tarde por meio de combinarem como manipular taxas de cãmbio estrangeiras, segundo apurou a Financial Conduct Authority (FCA) [entidadade reguladora britânica]".

Na Suíça, o Ministério Público anunciou que vai arguir vários indivíduos, e não institutos bancários, por delitos relacionados com as manipulações das taxas de câmbio. Foi expressamente referido, segundo a France Press, que os bancos não são visados pelo procedimento judicial, e que as pessoas em causa serão acusadas de gestão desleal e de violação do segredo profissional

O regulador financeiro suíço , Finma, anunciou que só na UBS há 11 funcionários arguidos, independentemente de continuarem hoje a exercer funções naquele banco suíço.
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