GreenCyber vai avançar com construção de refinaria de biocombustíveis em Sines num investimento de 80 ME

A GreenCyber, de Pedro Sampaio Nunes, vai construir uma refinaria de biocombustível em Sines, num investimento de 80 milhões de euros, com capacidade para produzir 250 mil toneladas por ano a partir de oleaginosas parcialmente produzidas em Portugal.

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. /

A refinaria, que já foi considerada PIN-Projecto de Interesse Nacional, deverá começar a produzir em 2009, estando em curso as negociações com a API e a API Parques, afirmou Pedro Sampaio Nunes em entrevista à Lusa.

O empresário espera obter para este projecto os incentivos previstos na legislação nacional e comunitária para investimentos em zonas deprimidas, pela utilização de fundos estruturais ou isenções fiscais habituais nestes investimentos

Dos 80 milhões de euros previstos, 60 milhões destinam-se à construção da refinaria e 20 milhões à compra do primeiro volume de produção de oleaginosas, das quais a maior parte será importada do Brasil, Angola e Moçambique.

Nesse sentido, o projecto da refinaria envolve um outro complementar, designado FirstForce, de produção e esmagamento de sementes de oleaginosas no Brasil, Moçambique e Angola para o qual estão previstos 300 milhões de euros.

Pedro Sampaio Nunes afirmou à Lusa que a FirstForce está a negociar nestes três países cerca de 400 mil hectares para plantação directa e um milhão de hectares de concessão para agricultura familiar, cujas sementes serão depois vendidas à empresa.

"São projectos que estão devidamente estruturados, estamos agora na fase de negociação com os vários governos para os podermos estabilizar", afirmou.

O projecto está actualmente em fase de "road show" por investidores nacionais e internacionais , esperando o seu promotor assinar em breve com os novos accionistas os contratos para a refinaria.

Para o projecto da "FirstForce", Pedro Sampaio Nunes espera atrair os mesmos investidores interessados na refinaria.

A produção da refinaria será escoada para o mercado interno, que vai necessitar de 800 mil toneladas de biocombustível por ano para cumprir a nova meta de uma incorporação de 10 por cento nos combustíveis rodoviários em 2010, em função da isenção de ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos) que receber do Governo, afirmou o responsável.

A restante produção destina-se à exportação, acrescentou.

Dada a necessidade de grandes volumes de oleaginosas para a produção de biocombustíveis, uma vez que das sementes se extrai em média 80 por cento de farinha e apenas 20 por cento de óleo, a GreenCyber associou-se a um projecto pioneiro de investigação que passa pelo cultivo de micro-algas para a produção de biocombustíveis.

O projecto, que envolve um investimento de 2,5 milhões de euros nesta primeira fase, está a ser desenvolvido pela Necton, através da sua subsidiária Alga Fuel, ao qual se associaram a Green Cyber, sendo também um projecto que está a ser estudado pela Espírito Santo Ventures.

O objectivo é produzir micro-algas a uma escala industrial que possam substituir a colza e a soja na produção de biocombustíveis.

As vantagens são notórias: as micro-algas reproduzem-se rapidamente, tendo uma produtividade 200 a 300 vezes superior às restantes oleaginosas; a área ocupada na sua produção é 100 vezes inferior à das culturas tradicionais, sendo precisos apenas 2.500 hectares para abastecer uma refinaria de 250 mil toneladas, face às necessidades de 500 mil hectares de soja e de 250 mil hectares de girassol.

Para além disso, as micro-algas têm ainda a vantagem de sequestrar dióxido de carbono (C02) no seu processo de desenvolvimento, contribuído assim para a redução das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera.

Por cada tonelada produzida de micro-algas são consumidas duas toneladas de C02, ou seja, dez a vinte vezes mais do que as restantes oleaginosas como a colza, soja, girassol e palma.

Pedro Sampaio Nunes diz que se este projecto da Alga Fuel resultar, "é uma revolução total que põe em causa o negócio tradicional das petrolíferas".

"Daí que tenhamos apresentado este projecto à Galp, que está também a estudar um projecto semelhante em parceria com a Eni", afirmou.

Pedro Sampaio Nunes afirma ainda que este projecto, no caso de ter sucesso, permitirá produzir biodiesel a 20 cêntimos o litro, face aos actuais 40 cêntimos das refinarias de petróleo.

PUB