Greve na Groundforce atrasa partidas no Aeroporto de Lisboa

Os números da adesão à greve desta terça-feira na Grounforce estão a deixar “bastante satisfeito” o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, que refere paragens de 90 por cento “em determinadas áreas”. A mesma estrutura adianta que “ainda não houve nenhum voo que tivesse saído a horas” do Aeroporto de Lisboa. Já a administração avança com outro balanço, situando a adesão abaixo dos 27 por cento. Os profissionais contestam a reorganização dos tempos de trabalho na empresa.

RTP com Lusa /
“Ainda não houve nenhum voo que tivesse saído a horas”, adiantou o sindicalista Fernando Henriques, ouvido pela agência Lusa Rafael Marchante, Reuters

“Estamos bastante satisfeitos com alguma adesão demonstrada aqui em determinadas áreas, fulcrais por serem sujeitas à adaptabilidade e a este tipo de horários que são bastante penosos e praticados há quase ano e meio”, afirmava a meio da manhã Fernando Henriques, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA).Apesar da greve na Groundforce, a TAP decidiu manter todos os voos previstos para a véspera de Natal. A transportadora apela a todos os passageiros para que procedam ao check-in na Internet. É também possível fazê-lo nas máquinas disponíveis no aeroporto.


De acordo com o mesmo responsável sindical, ouvido pela agência Lusa, a adesão rondará os 90 por cento em sectores como o carregamento e descarregamento de aviões e reboque. Em alguns casos, afiançou Fernando Henriques, “nenhum trabalhador entrou ao serviço desde a meia-noite”.

Como resultado desta contestação dos trabalhadores da Groundforce, “ainda não houve nenhum voo que tivesse saído a horas” do Aeroporto da Portela, em Lisboa, e “já se registam atrasos de uma hora e meia”. Fernando Henriques estima que os atrasos nas descolagens “se estendam por mais horas”.

O SITAVA, que representa 840 trabalhadores da Groundforce, espera também que ocorram atrasos na entrega de bagagens aos passageiros, dado que começa a faltar material livre para essas operações.

“Consideramos que os trabalhadores estão a dar uma resposta inequívoca de que os horários de trabalho são algo que tem que ser revisto imediatamente, porque as pessoas não aguentam mais esta desorganização dos tempos de trabalho”, enfatizou o sindicalista citado pela Lusa.
Greve pode repetir-se no fim do ano

Na trincheira oposta da habitual guerra de números, a cúpula da Groundforce assevera que a adesão a esta greve é de 26,5 por cento. Também ouvido pela Lusa, Fernando Faleiro, do Departamento de Comunicação e Marketing da empresa, quis afiançar que a paralisação “não está a criar qualquer constrangimento” nos aeroportos, admitindo apenas “ligeiros atrasos” – uns por causa da greve, outros ditados pelo estado do tempo.

Foi para contestar a reorganização dos tempos de trabalho que o SITAVA convocou a greve de funcionários da empresa de handling nos aeroportos de Lisboa, Porto e Madeira. Um processo, denuncia a organização sindical, “que resulta em horários de nove e dez horas”.

A ANA - Aeroportos de Portugal emitiu entretanto um apelo aos passageiros para chegarem mais cedo aos aeroportos e apurarem a situação dos seus voos junto das respetivas transportadoras ou agências de viagens.

Os trabalhadores prometem regressar à greve no dia 31 de dezembro, caso não cheguem a acordo com a administração da empresa.
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