Grupo de Cristiano Ronaldo. Medialivre avança com despedimento coletivo focado nos fotojornalistas

por RTP
Foto: Nuno Patrício - RTP

O Sindicato dos Jornalistas lamenta a decisão da Medialivre de avançar com um despedimento coletivo, focado nos fotojornalistas, procedimento contra o qual deverá "contestar por todas as vias". O sindicato lembra que o grupo que agora pretende despedir dez trabalhadores tem como acionista maioritário Cristiano Ronaldo, que só "a revista Forbes estima ter tido um vencimento de mais de 250 milhões de euros no ano passado".

Em comunicado, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) disse ter sido surpreendido por esta decisão, que vai reduzir o número de trabalhadores em órgãos como o Correio da Manhã, o Record, Jornal de Negócios e a revista Sábado, e caracterizou-a como "inqualificável", particularmente por ser anunciada na véspera do Dia do Trabalhador.

"O despedimento de jornalistas é grave o suficiente, ainda por cima num grupo que diz dar lucro, para dispensar a diatribe insultuosa de o comunicar na véspera do 1 de Maio", reiterou o sindicato.

O SJ criticou ainda a forma como este despedimento coletivo foi comunicado aos trabalhadores, como "um facto consumado, sem qualquer hipótese de diálogo, e com pressa em dispensar estes colegas", tendo feito a comunicação a "pelo menos a dez trabalhadores - apanhando uns em serviços, outros de folga ou de férias - numa sequência apressada de reuniões, convocadas de véspera".

Para o sindicato, esta decisão é surpreendente já que "o grupo Medialivre, que tem o futebolista Cristiano Ronaldo como maior acionista, é dos poucos em Portugal que apresenta resultados financeiros positivos".

"Lamenta-se que Ronaldo (que a revista Forbes estima ter tido um vencimento de mais de 250 milhões de euros no ano passado) tenha comprado uma parte significativa da empresa para, a seguir, permitir que se procedam a despedimentos. Das duas uma: ou não sabe e, enquanto maior acionista, deve clarificar a sua posição de imediato ou sabe e, a ser assim, fica conotado como sendo um dos donos de mais uma empresa do setor que, ao invés de pensar o futuro de forma sustentável, faz o mais fácil e o mais básico em termos de gestão: despedir", lamenta o sindicato.

O SJ deixa ainda um desfio ao futebolista: "sendo um filantropo da caridade, poderia, pelo menos, pensar nas consequências que uma situação de desemprego acarreta para uma dezena de pessoas".

"É que quando se é solidário à partida pode dispensar-se a caridade à chegada".

O sindicato diz ainda que irá "contestar por todas as vias" este procedimento, que diz configurar "mais uma estocada profunda na fotografia, uma linguagem jornalística que está a ser levada à morte por administradores e diretores de empresas de comunicação social em Portugal. Muitas publicações conformam-se a usar fotos de propaganda das assessorias de imprensa".

Uma primeira ação para contestar esta decisão do grupo de media de Cristiano Ronaldo foi marcada pelo sindicato para amanhã, Dia do Trabalhador.

O SJ apela aos jornalistas "para que se juntem ao bloco do Sindicato dos Jornalistas na manifestação do 1 de Maio de Lisboa, que parte às 14h30 da Praça do Martim Moniz".

c/ Lusa

PUB