Grupo Enerpellets investe 55 ME em unidade de peletes nos Estados Unidos
O grupo Enerpellets, com duas unidades no distrito de Leiria, vai construir uma fábrica de produção de peletes nos Estados Unidos, investimento de 55 milhões de euros que vai criar 72 postos de trabalho diretos.
"Iniciaremos a construção desta nova unidade industrial no início do último trimestre deste ano", disse hoje à agência Lusa o gestor de projeto da operação dos Estados Unidos, Gabriel Alves, adiantando que "o valor total do investimento será de 60 milhões de dólares" (cerca de 55 milhões de euros à data de hoje) e vai nascer em Hamilton County, norte da Florida, marcando o início da internacionalização do grupo.
Os peletes de madeira são pequenos aglomerados constituídos exclusivamente por biomassa florestal residual e subprodutos da indústria florestal, devidamente triturados e secos, refere o grupo no seu sítio na Internet.
"Estão previstos 72 novos postos de trabalho diretos, pese embora possamos otimizar este número em função da tecnologia a adotar", declarou Gabriel Alves, destacando "o número de postos de trabalho indiretos que esta indústria cria junto da economias locais", por exemplo na indústria de exploração florestal, transportes ou serviços.
Questionado por que razão o grupo optou pelos Estados Unidos, o responsável explicou que "um primeiro critério e, por ventura, o que mais pesou na decisão, prende-se com o fator crítico matéria-prima".
"Encontramos nos EUA excelentes condições de disponibilidade da matéria-prima, sustentabilidade da floresta e preços competitivos", declarou o gestor de projeto, notando que, "pese embora exista uma grande concentração de consumo de peletes de madeira na Europa e uma indústria de produção de peletes muito desenvolvida, será difícil, do ponto de vista da sustentabilidade das florestas, suportar o esperado crescimento da procura com produção local".
A este propósito observou que "o que se passa na Europa como um todo poderá ser transportado" para o país, onde, apesar da sustentabilidade da floresta nacional, a empresa tem "já uma produção anual de 250.000 toneladas de peletes", quantidade "adequada à realidade portuguesa".
Gabriel Alves acrescentou que outros fatores concorreram para a escolha daquele mercado, como as "excelentes condições" de transportes ferroviários e marítimos, portuárias e preços da energia elétrica", mas também "um enorme apoio das entidades públicas locais".
Acrescem, ainda, fatores de base económica: "Somos um dos maiores produtores e tratando-se este de um negócio global fazia todo sentido a diversificação geográfica", justificou.
A nova unidade terá em velocidade-cruzeiro uma produção de 250.000 toneladas por ano, sendo que se pretende "iniciar a produção no início de 2017 e atingir a produção estável em meados desse ano", declarou.
O grupo Enerpellets tem duas unidades, em Pedrógão Grande e Alcobaça, com uma capacidade de produção anual global de cerca de 250.000 toneladas de peletes. Em Pedrógão Grande existe, ainda, uma unidade para tratamento de casca do pinheiro.
Conta com 80 trabalhadores e um volume de negócios em 2014 de 30 milhões de euros. O grupo, "dadas as perspetivas de crescimento do consumo de peletes e o elevado `know-how` desenvolvido", está atento a novas oportunidades, "nomeadamente no mercado asiático, onde se espera um aumento de consumo e produção".